segunda-feira, 29 de abril de 2019

"Vinte e Zinco "passou e eu também passeei com ele , com liberdade ....





... 
na Avenida da Liberdade.
Ninguém me pode comprometer neste dia abençoado .  Levanto asas do meu poiso , junto-me ao bando e imigramos para Lisboa.
 Sem esquecer as poucas cidades em  que com amor  as pessoas de idade se manifestam,  sem azedume nos rostos, gratos, mas como mais gratidão desfilariam se necessidades básicas fossem mais cèleres de modo a daí tirarem proveito , Lisboa é o epicentro das festas . A meu ver, claro.
Cada ano que passa mais jovens desfilam com imensa alegria e humor. Há crianças pequenas que rebolam, correm, cantam com todo o consentimento do mundo. Esta juventude partidária é o  prenuncio que a festa do dia da Liberdade não morrerá.
Hoje, a vida deu-me um tempinho para convosco conversar . O pequenito dorme , ou seja, já acordou ... 
Deixo aqui a fotografia dos meus companheiros e amigos de ano, o Nuno Porto e a São.
Dois memoriais de presos politicos e portugueses/as assassinados pela PIDE foram inaugurados. Um em Lisboa e outro em Peniche . O amigo Nuno faz parte do Memorial de Peniche. Teve a sua dose dolorosa.
Que as ditaduras acabem, onde existiram, que não se repitam. 


*Vinte e Zinco, livro editado por Mia Couto para assinalar os 25 anos da Revolução de Abril.


«Vinte e cinco é para vocês que vivem em bairros de cimento 
para nós, negros pobres que vivemos 
na madeira e zinco, o nosso dia 
ainda está para vir.»


quarta-feira, 24 de abril de 2019

Livros, todos os dias , mas ontem, teve dia de honrarias ...

"Um livro por ler, arrumado na estante, conta também a história das aproximações e recuos, da procrastinação e olímpicas desatenções, que é, em parte, a coroa da nossa vida de leitores "

"Os livros que perfazem a fileira mais vasta dos “por ler” permanecem num perpétuo estado de graça, numa eterna gravidez repleta de tudo o que ainda nos poderão dizer. Por isso, queremo-los perto de nós, como uma garantia, um seguro, um instrumento a usar em caso de emergência "

"Os livros perdidos contam a dupla história empolgante da sua posse e da sua incalculável perda. Vivemos mortificados pela possível recuperação porque sabemos, no íntimo, que não podem ser substituídos"

"Nesse sentido, um livro perdido, um livro que, por generosidade, se furtou ao nosso contacto, um livro que alguém, por despeito, atirou ao lixo, será sempre uma página dolorosamente arrancada de nós, mas nunca esquecida "


Em “Não Contem com o Fim dos Livros”, Umberto Eco contava como a recolha e preservação de livros nos mosteiros era a forma mais segura de os salvar, por exemplo, das invasões bárbaras e dos seus fogos punitivos. Guardar livros era o mesmo que salvá-los. Hoje, as coleções privadas, as nossas bibliotecas pessoais, destinam-se menos a salvar os livros do que a salvar-nos a nós próprios. Numa época de produção industrial, é a nossa relação pessoal com eles que os torna únicos.

Excertos da crónica de Bruno Vieira de Almeida, no Expresso Diário de ontem.

sábado, 20 de abril de 2019

Bom fim de semana e boa Páscoa


Deixo-vos as meninas e anjos de Albino Moura , que nos deixou hoje. 
Os seus trabalhos exerciam sobre mim um encanto infantil , até que um dia comprei-lhe um óleo de cores maravilhosas de uma menina saltitando pelo campo deixando cair flores do seu cesto.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho






Por aqui já fui feliz e surpreendida, Congonhas, Minas Gerais, já lá vão muitos e bons anos. A ditadura no Brasil tinha acabado há poucos anos. Hoje, ela está a querer ser implementada de novo . Quatro anos passam depressa, mas até lá causa mossa e incomodidade.

Mas, vamos lá à Via Sacra, do artista surpreendente, Aleijadinho, de nome António Francisco Lisboa .

Por AQUI , poderão fazer uma viagem .

terça-feira, 16 de abril de 2019

Oração a Nossa Senhora de Paris .... rogai por mim, rogai por nós , que rogue por ti


ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DE PARIS

Rio de Janeiro, Poesia completa e prosa: volume único, 2019

Notre Dame de Paris, Notre Dame de Partout, rogai por mim, rogai por nós, os malferidos de amor, os feridos do doce langor, os que uivam à lua nas praias desertas do mundo, os que buscam um vagabundo num bar para falar da bem-amada, para não dizer nada só que ela é bonita, os que saem andando em campos de estrelas e de repente é uma rua deserta com um apartamento aceso que fica olhando o deambulante, o amante perdido, sem rumo e sem prumo, barco sozinho no meio do oceano lunar, é só olhar, lá está ela, a bem-amada dormindo no céu com os braços para cima, linda axila, macio feno, suave veneno de paixão, ó não, Nossa Senhora de Paris, Nossa Senhorazinha de Paris, rogai por mim porque a coisa está ruim, ela está longe eu sigo nessa névoa de luminosos astros e choro ao ver um rio que corre, uma estrela que morre, um mendigo que dorme, um cão que faz amor com uma cadela de olhos úmidos, túmidos seios, negro vórtex, meu amor, Notre Dame de Paris, Notre Dame de Partout, aqui estou eu, lembrai-vos, diante de vossa portada maior, o santo de cabeça cortada me espiando sofrer a angústia da espera vem não vem o homem me oferece cartões-postais de mulher nua pensa que eu sou americano eu sou é brasileiro do Rio de janeiro onde mora a minha amada numa colmeia a beira-parque fazendo há dois mil anos mel de amor com que adoçar todas as minhas mágoas, ó águas do Sena revoltas, minha amada está serena porque nós viemos de muito, muito, muito longe para nos encontrar, atravessamos os lagos da infância, cruzamos os desertos da adolescência, galgamos as montanhas da mocidade e aqui nesta cidade nos encontramos uma só vez, o mês era março, e nos reencontramos em abril novecentos e sessenta luas depois na rue Pierre Charon e ela entrou pelos meus olhos, banhou-se no meu cristalino, acendeu-me a íris e postou-se como santa Luzia no nicho de minhas pupilas oferecendo-me os próprios olhos numa salva de prata e pôs-se a comer devagarinho minha cabeça enquanto eu não sabia o que lhe dissesse só pedia vem comigo vem comigo mas ela não podia porque não era o dia mas lá vem ela de táxi entrou na Île de Ia Cité, rodeou a praça, que graça é ela, vai saltar, não eu que vou com ela, adeus Notre Dame de Paris, Notre Dame de l'Amour, iluminai vossos vitrais, levantai âncora ó galera gótica dos meus martírios vossos santos aos remos o Corcunda no mais alto mastro Jesus na torre de comando e buscai serenamente o grande caudal no qual me abandono náufrago coberto de flores em demanda do abismo claro e indevassável da morte, Saravá!

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Bom fim de semana a quem passa



 ... por isso te digo que vou levar-te o mar
na concha das minhas mãos, azulissimo,
para que nele descubras o meu nome
entre os seixos os búzios os rostos que já tive .

Vasco Gato, Búzio

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Todos os motivos para ir até Évora e ainda mais um ...


Desta, há luz para todos, e uma boa razão a juntar a muitas, par ir até Évora, ao Museu Frei Manuel do Cenáculo, para ver o velho Bruegel .

A obra encontrava-se na família Espírito Santo até passar para o banco e se tornar na peça preferida de Ricardo Salgado, que a guardava religiosamente no seu gabinete privado, em Lisboa, na sede do BES. A obra do pintor flamengo, pintada em 1620, não é mostrada em público há 70 anos. O quadro mostra uma festa de camponeses que assinala um casamento. As diferenças entre os quadros do pai e do filho são de cromatismo e de pormenor.



Expresso de hoje

quarta-feira, 3 de abril de 2019

" A imaginação é a memória que enlouquece " **

"O tempo é o único remédio "
 " E acrescenta o ditado: o esquecimento é a derradeira morte dos mortos "


Venenos de Deus, Remédios do Diabo , Mia Couto


** Mário Quintana