sábado, 28 de novembro de 2015

Uma sugestão e um bom fim de semana



Belíssima exposição individual , na Barbara Gallery,  Lisboa, do fotografo, Arno Rafael Minkkien , nascido da Finlândia em 1945. AQUI
Não sei se será este o tema, mas não deve andar longe. Irei. Vai estar até Janeiro.


Viver sempre também cansa!

"Viver sempre também cansa!
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinza, negro, quase verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O Mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico e exacto.
Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.
E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...
E obrigam-me a viver até à Morte!
Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois, achando tudo mais novo?
Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima dum divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela."
E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo..."


José Gomes Ferreira

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Os remorsos de Picasso e as razões do seu período azu l(o deprimido)

Representação da morte de Casagemas, "Evocação", 1901, Picasso
La vie, 1903, Picasso
Numas Jornadas Históricas , em que participei, em Seia, "Os Tempos e as Distâncias, tudo tão perto , tudo tão longe", houve uma comunicação, feita pelo Professor e Psiquiatra Carlos Braz Teixeira, Universidade de Coimbra, deveras interessante. Tema, "Tédios, vazios e distâncias no deprimido".
Da ponte da poesia à psicopatologia do mundo da psiquiatria, Carlos Teixeira falou da dispersão e do labirinto da melancolia: a angústia do existir, a roxidão do sofrimento, as as inquietantes lonjuras, o querer-não querer dar-se à morte. As queixas dolentes de todas as desertificações, umas exteriores, das falésias e dos oceanos, outras interiores, dos fantasmas vividos, postas no corpo e na palavra. Entendam-se por vezes, como sintomas listados e catalogados para a nomenclatura psiquiátrica de quem muito apressadamente só vislumbra o perto, quando a condição humana suscita ver além do horizonte.

Quando falou da morte e do suicídio apresentou estas duas formas de morrer. VanGogh, morre por fora com o suicídio, desaparece fisicamente, e Picasso, na sua juventude" morre" por dentro, com a morte, suicídio, do seu maior amigo, Carlos Casagemas, por causa de umas turbulentas disputas amorosas, onde havia várias envolvidos. Num ato tresloucado, Casagemas tentou matar a sua paixão por se saber traído. Por falta de coragem em matar a sua amante, disparou sobre ele. 
Picasso, sentiu-se enlouquecer e entrou num luto profundo e deu início ao seu período azul onde há várias representações da morte , do luto e da própria morte de Casagemas. Esse luto dilui-se com o inicio do período rosa.
Sendo Picasso,  uma fonte inesgotável de estudo da psiquiatria, há quem pense que a sua forma agressiva e sádica para com as suas mulheres e amantes, tem talvez a ver com a história de Casagemas que aqui vos deixo.
   

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

hino ao amor (as minhas escolhas)

(as minhas escolhas. Maysa era linda e pouco feliz ... E Piaf? Tão pouco.)
Amor e feliz , está no post anterior)

domingo, 22 de novembro de 2015

anos 50, onde tudo começou. poisos da minha vida.... (efeméride)

A minha vida começou aqui . Fui o fruto deste grande amor.

A minha mãe só não usava chapéu...

Uma fotografia tirada do Google. A vida era assim.

O meu poiso de hoje. Estoril anos 50

A minha praia de menina e moça. A minha terra . Figueira da Foz
....

Eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os meus amores,
mas enlouqueceria se morressem 
todos os meus amigos !

Fernando Pessoa, poema "Os Amigos"

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pelo novembro dentro entra Rodrigo Leão

Portugal
Sabes de que cor são os meus olhos?
São castanhos como os da minha mãe
Portugal gostava de te beijar muito apaixonadamente
na boca

Jorge Sousa Braga, Portugal


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Arte Postal , postais com arte



As minhas colagens de imagens

"Arte Postal", do pintor Calos Barroco, que partiu este ano de 2015.  Encontra se  na Fundação das Telecomunicações uma exposição da sua autoria e para a qual foi convidado, penso que em 2012. A não perder. Muito interessante e lúdica. Meninos (as) pequenos e grandes, não faltam.  Jardins de Infância e outras Escolas , sempre em movimento...
Quem se porta bem? Sempre os pequeninos.

Pina, Manuel António

faria hoje, dia 18 de novembro, 72 anos

O Lado de Fora

Eu não procuro nada em ti, 
nem a mim próprio, é algo em ti 
que procura algo em ti 
no labirinto dos meus pensamentos. 

Eu estou entre ti e ti, 
a minha vida, os meus sentidos 
(principalmente os meus sentidos) 
toldam de sombras o teu rosto. 

O meu rosto não reflecte a tua imagem 
o meu silêncio não te deixa falar, 
o meu corpo não deixa que se juntem 
as partes dispersas de ti em mim. 

Eu sou talvez 
aquele que procuras, 
e as minhas dúvidas a tua voz 
chamando do fundo do meu coração. 

Manuel António Pina, in “O Caminho de Casa” 

terça-feira, 17 de novembro de 2015

olhares...

Trabalho de Carlos Barroco
A ironia não é caixa de Pandora. 

Com que então caiu na asneira...

  Dia de Anos
Com que então caiu na asneira
De fazer na quinta-feira
Vinte e seis anos! Que tolo!
Ainda se os desfizesse…
Mas fazê-los não parece
De quem tem muito miolo!

Não sei quem foi que me disse
Que fez  a mesma tolice
Aqui o ano passado…
Agora o que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo? Coitado!

Não faça tal; porque os anos
Que nos trazem? Desenganos
Que fazem a gente velho:
Faça outra coisa; que em suma
Não fazer coisa nenhuma,
Também lhe não aconselho.

Mas anos, não caia nessa!
Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira,
Mas depois se se habitua,
Já não tem vontade sua,
E fá-los, queira ou não queira!

Poema de João de Deus

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

olhares, os meus... (1)


O medo...

Assim é o "medo" em todas as circunstâncias da vida. Por isso, aos poucos, muitos vão morrendo de medo e ao mesmo tempo matando os seus sonhos. 


“O medo, o medo
verdadeiro, é um delírio furioso.
De todas as loucuras de que somos
capazes, o medo é a mais cruel.
Nada iguala o seu vigor, nada pode
suster o seu choque. A cólera, que
se lhe assemelha, não passa de
um sentimento passageiro, uma
brusca dissipação das forças da
alma. Para mais é cega. O medo, ao
contrário, desde que se ultrapasse
a primeira angústia, forma com
o ódio um dos mais estáveis
compostos psicológicos que há.”

Citando, Georges Bernanos

domingo, 8 de novembro de 2015

Momentos de ouro...



Nelson Mota
De Óbidos , depois de um encontro feliz com Nelson Mota, um letrista e não só, da música brasileira, eis que o CD atravessou do Atlântico Sul para o do Norte. 
Momentos de ouro.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

"cogumelar", pode ser um verbo, não?

Não é só MEC que inventa verbos , como "cadilhar", "entaveirar"," triturar", mas pode -nos levar , por imitação , para ler sobre o outono e cogumelos, a criar  a verborreica palavra , "cogumelar". AQUI

(IMAGEM COPIADA HÁ TEMPOS DO fb, MAS NÃO LEMBRO A ORIGEM, MAS PENSO QUE SÃO COGUMELOS NA REGIÃO DA SERRA DA ESTRELA. QUE ME DESCULPE O SEU AUTOR POR TER ESQUECIDO A PROVENIÊNCIA)

"insustentável leveza do ser", memórias

Departure, 1879, de Henry Bacon


"Os amores são como os impérios: desaparecendo a idéia sobre a qual foram construídos, morrem junto com ela."

Milan Kundera, em a Insustentável Leveza do ser

terça-feira, 3 de novembro de 2015

é uma frase batida, mas...

Vincent Van Gogh

“A vida já é curta, mas nós tornamo-la ainda mais curta, desperdiçando tempo” Victor Hugo (1802-1885), poeta, dramaturgo e político francês
(escrito na pedra, jornal Público)
Mas, a vida não é "en rose".

domingo, 1 de novembro de 2015

Poema de Finados

Óleo de Vincent Van gog
POEMA DE FINADOS

Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.

Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.

O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.

© MANUEL BANDEIRA
In Libertinagem, 1930