sábado, 30 de junho de 2018

Efeméride, Joaquim Namorado

JOAQUIM NAMORADO 
professor, poeta e combatente contra a ditadura faria hoje 104 anos! É bom relembrá-lo através da sua poesia.

“Abafai meus gritos com mordaças,
maior será a minha ânsia de gritá-los!
Amarrai meus pulsos com grilhões,
maior será minha ânsia de quebrá-los!
Rasgai a minha carne!
Triturai os meus ossos!
O meu sangue será a minha bandeira
e meus ossos o cimento duma outra humanidade.
Que aqui ninguém se entrega
- isto é vencer ou morrer -
é na vida que se perde
que há mais ânsia de viver!”
Joaquim Namorado

João Russo, no FB,  lembrou a efeméride.
 Eu nunca esqueço o Amigo, o homem, o poeta e pintor. 
Figueira da Foz,  onde Joaquim passava o verão, a trabalhar , e a ensinar os " rapazolas "/homens, a ser gente. 
Entre o Café Nau e a sua casinha na Serra , fui feliz e fiz-me mulherzinha.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Leituras breves...

O Sono

O sono que desce sobre mim, 
O sono mental que desce fisicamente sobre mim, 
O sono universal que desce individualmente sobre mim — 
Esse sono 
Parecerá aos outros o sono de dormir, 
O sono da vontade de dormir, 
O sono de ser sono. 

Mas é mais, mais de dentro, mais de cima: 
E o sono da soma de todas as desilusões, 
É o sono da síntese de todas as desesperanças, 
É o sono de haver mundo comigo lá dentro 
Sem que eu houvesse contribuído em nada para isso. 

O sono que desce sobre mim 
É contudo como todos os sonos. 
O cansaço tem ao menos brandura, 
O abatimento tem ao menos sossego, 
A rendição é ao menos o fim do esforço, 
O fim é ao menos o já não haver que esperar. 

Há um som de abrir uma janela, 
Viro indiferente a cabeça para a esquerda 
Por sobre o ombro que a sente, 
Olho pela janela entreaberta: 
A rapariga do segundo andar de defronte 
Debruça-se com os olhos azuis à procura de alguém. 
De quem?, 
Pergunta a minha indiferença. 
E tudo isso é sono. 

Meu Deus, tanto sono! ...
Álvaro de Campos

domingo, 24 de junho de 2018

Os Santos Populares - S. João à moda de Pessoa.

São João

....

Mas, desçamos à terra,
Que, por enquanto, o ceu aterra, 
Porque antes d 'isso mette a morte.
Ha muita coisa desconhecida
Na tua vida.
Tens muita sorte
Em ninguem saber da partida
Que em mil setecentos e dezassete
Tu fizeste à Egreja constituida

Estás, eu bem sei, cansado
com o que a Egreja se intromette
Com tua vida e o teu divino fado.


(e) foi então que, para te vingar
E à maneira de santo, os arreliar
Desceste mansamente à terra
Perfeitamente disfarçado
E fizeste entre os homens da razão
Um milagre assignado,
Mas cuja assinatura se erra
Quando em teu dia, S. João do Verão,
Fundaste a Grande Loja de Inglaterra.
Isto agora é que é bom,
Se bem que vagamente rocambolico

Eu a julgar-te até catholico,
E tu sahes-me maçon.
Bem, ahi é que há espaço para tudo,
Para o bem temporal do mundo vario.
Que o teu sorriso doure quanto estudo
E o teu Cordeiro
Me faça sempre justo e verdadeiro,
Prompto a fazer fallar o coração
Alto e bom som
Contra todas as fórmulas do mal,
Contra tudo  que torna o homem precario.
Se és maçon - eu sou templario.


Esquece-te santo
Deslembro o teu indefinido encanto.

Meu irmão, dou-te o abraço fraternal.


(excerto integro e ortográfico de um poema de Fernando Pessoa, do livro acima mostrado e escrito em 12-0-1919 )

"A Criança Eterna acompanha-me sempre"

(Alberto Caeiro)

sábado, 23 de junho de 2018

Mergulhar, é principio de verão. Aconteceu hoje

"por isso te digo que vou levar-te o mar 
  na concha das minhas mãos, azulíssimo, 
           para que nele descubras o meu nome
entre os seixos os búzios os rostos que já tive ."

Vasco Gato, Búzio

Hoje, para mim começou o verão . 

Verão , é para mim a" doçura" da água salgada , quando nela posso mergulhar e que me liberta das dores de alma e linhas entrelaçadas que cobrem o meu esqueleto. 
Verão, não é excesso de calor... 


Na minha praia, supervisionada por um não nadador, mas um verdadeiro salva vidas, o meu pequeno Gabriel. 

Aos amigos que passam , os poucos que visitava, com gosto e carinho, a minha ausência não é esquecimento, mas só alterações de dia a dia que me consomem alguns prazeres. 
  Breve passarei. Bom fim de semana.

Sorrindo, sorrindo...


sábado, 16 de junho de 2018

O riso e os seus riscos...


Adicionar legenda
O QUE É RISO?


  " Hobbes afirma que este movimento brusco dos pulmões e dos músculos da face é o efeito da «visão imprevista e bastante clara da nossa superioridade perante outro homem» (Da Natureza Humana). Este contraste, vantajoso para nós, faz com que desfrutemos da nossa própria superioridade. Se a infelicidade de outro homem é tão grande ao ponto de nos levar a pensar que também podemos ser infelizes, então deixa de haver fruição da nossa superioridade e há, pelo contrário, uma visão da infelicidade e o riso cessa.
   O cómico deve ser  exposto com clareza (entendo por cómico tudo  que provoca riso: um gesto, uma palavra, uma expressão). A imagem da nossa superioridade sobre outrem deve pela mais ínfima reflexão ser nítida e rápida. Mas essa superioridade sobre outrem deve ser nítida e rápida. Mas essa superioridade é algo tão fútil e facilmente destrutível pela mais ínfima reflexão que se impõe que a visão nos seja apresentada de uma forma imprevista,
   Eis os únicos limites do riso: a compaixão e a indignação.
   Num estado de indignação, pensamos em interesses mais directos e importantes, pensamos em nós numa situação de perigo."
   
Excerto.  DO RISO: UM ENSAIO FILOSOFICO SOBRE UM TEMA DIFICIL

(

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Santo António... e um blogue com 10 anos

Desenho do programa das Festas de Lisboa, 1934. Almada Negreiros - (França, José Augusto (1974), Almada o Português sem Mestre. Lisboa: Estúdios Cor).  
Milagre das Bilhas - Uma jovem ia à fonte com a bilha no regaço, buscar água.  Ao chegar, partiu a bilha e ficou a chorar. Santo António apareceu e perguntou-lhe a razão do seu pranto. Cheio de compaixão, Santo António consertou a bilha.


E...


Tronos de Santo António, 1º prémio, 1952. Calçada do Jogo da Péla, freg. Santa Justa -Arquivo Municipal de Lisboa (foto de António Castelo Branco)
Peças de aspecto popular, os tronos, eram executadas por crianças dos bairros antigos de Lisboa, firmados na devoção ao santo. A quem passava, as crianças pediam um tostãozinho para o santo. Vem o costume, segundo se diz, do peditório que em toda a cidade se fez, por altura do terramoto de 1755, para ajudar na reconstrução da sua igreja. 

Foi nos anos 30, do século XX, que Leitão de Barros, orientador desta tradição, fomentou concursos de tronos e de janelas enfeitadas, nos quais colaboravam as colectividades de cada bairro.

Em pleno século XXI, os tronos continuam a merecer a atenção e admiração popular.

Informação DAQUI

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Ser professor....

"Se não morre aquele que escreve um livro e planta uma árvore, com mais razão não morre o educador que semeia vida e escreve na alma."
Bertolt Brecht
Hergé , visto por Lança Guerreiro, 2016

quarta-feira, 6 de junho de 2018

"Monoral" e "Binaural", afinal o que é ? Conversas de João Oliva...

Uma boca dois ouvidos


   "Monoral" e "binaural" bem podiam ser duas palavras para traduzir características anatómicas com que a Natureza brindou, generosa e generalizadamente, as espécies animais e, particularmente, a humana. Mas a primeira, que o autor saiba,não existe, ainda que a segunda, apesar da sua escassa utilização, esteja dicionarizada e se refira, de facto e de forma genérica, à existência de dois ouvidos e, em particular, a técnicas a ela relativas.
   A sua utilização nestas páginas terá, porém, outro significado, embora ainda relacionado com a audição. É que Binaural é também o nome da Associação Cultural, pólo desconcentrado de artes e ideias, que irradia a sua actividade a partir da aldeia de Nodar, no concelho de São Pedro do Sul, distinguida com o prémio Miguel Portea 2013, a propósito do qual o respectivo júri salientou "a qualidade e rigor e a exigência da experimentação de novas linguagens artísticas com um contexto do interior do país, esquecido pelos roteiros habituais das manifestações culturais em Portugal".
   E a relação com os" dois ouvidos" resulta do facto de o seu trabalho de uma década se centrar, embora sem exclusividade, na investigação, criação e divulgação de artes sonoras, uma prática com pouco exercício neste oeste europeu; embora já algum, como se reconhece - a mero título de exemplo e a propósito do simpósio internacional InvisiblesPlaces/ Souding Cities e dos Jardins Efémeros de 2014 e que se integrou - na investigação de Raquel de Castro e no trabalho de terreno de Luís Antero.
  De facto, se a proximidade do espaço rural com a Natureza permite uma depuração das paisagens de som que é indispensável à sua (re)consideração e interpretação, também um desconcentrado horizonte de reflexão evita ruídos, desta vez mentais, que ensurdecedoramente  povoam os media e as modas ( não os modos) de criação artística, sobretudo no que diz respeito às artes contemporâneas experimentais.


Excerto do livro de João Oliva, Artes e ideias da desconcentração
PRÁTICAS CULTURAIS DE OUTROS CENTROS

E, desta, acrescento eu, mesmo da região centro.

Binaural - literalmente significa "possuindo ou sendo relacionado às duas orelhas".
audição binaural, juntamente com a filtragem de frequências, permite aos animais determinar a direção da origem dos sons. É uma técnica de gravação e reprodução sonora bastante interessante, pois, com apenas dois microfones, é possível criar o efeito de som ambiente. Alguns áudios binaurais também são usados em terapias; tais áudios têm o poder para acessar em uma certa frequência o subconsciente humano, podendo alterar coisas no corpo como a liberação de endorfina, também usados para meditação. Para a gravação são colocados dois microfones acoplados à cabeça de um manequim ("dummy head"). Os microfones devem ser colocados na posição das orelhas. A banda Pink Floyd tem um álbum gravado com essa técnica, The Final Cut, bem como a banda Pearl Jam, que gravou um álbum utilizando esta técnica e o batizou com o próprio nome da técnica, Binaura

terça-feira, 5 de junho de 2018

Viva ...

ANTOLOGIA DE GUACHES 1950-2018

Nikias Skapinakis

Fundação Carmona e Costa, Lisboa, até 14 de julho


Não morri... Somente vou andando por aí. Mais desatenta e quase a perder este Mar de vista...