O HOMO TEUTONICUS actual
O Alemão contemporâneo,
ou seja, o HOMO TEUTONICUS representado por um universo de 82 milhões de
indivíduos, do qual também faço parte desde finais do século passado, pode
classificar-se em dois grandes grupos: o Alemão Burro e o Outro Alemão.
O Alemão Burro, em geral,
fala bávaro, suábio, alemânico, saxónico, turíngio, francónico, frísio...; os
seus bisavós e tetravós alcandoraram Hitler ao poder, legalmente, em 1933; hoje
satisfaz as suas necessidades intelectcuais lendo o maior tablóide da Europa,
que é também a maior nódoa da imprensa alemã e europeia, e em que Anja
Markiavel é taxada de “chanceler de ferro”, uma imagem fatal, porque vem aí
chuva abundante e aquele ferro vai apanhar muita ferrugem; vota nela, enquanto
não aparece o segundo Adolfo, que o ajude a dar cabo de tudo, outra vez, como
no “milénio” do III Reich, com maior eficácia e rapidez.
Não fala línguas
estrangeiras, a não ser, na melhor das hipóteses, um Inglês macarrónico, com
forte sotaque. Não se lhe peça que aprenda a falar Francês, por exemplo, porque
o Alemão Burro nunca irá entender os não Alemães, em geral, e muito em especial
os povos provenientes de culturas românicas. Mas gosta de passar férias em
Maiorca, lendo o maior tablóide para imbecis, e emborrachando-se de tal maneira,
após ter satisfeito as necessidades da pobre mioleira... que acaba por urinar
nos baldes de sangria... como os porcos na gamela. (Estas imagens, transmitidas
pelos canais privados de TV, foram proibidas, por serem demasiado chocantes).
O Outro Alemão descende
de uma elite intelectual, científica e artística que deu ao mundo génios como
Leibniz e Goethe, Einstein e Heisenberg, Kant e Hegel, Bach e Beethoven, Thomas
e Heinrich Mann, B. Brecht... e tantos outros que seria ocioso mencionar. Hoje
está representado por sociólogos como Ulrich Beck, professor jubilado da
Universidade de Munique, e docente da London School of Economics e da Harvard
University. Ou por filósofos como Jürgen Habermas, conhecido em todo o mundo
civilizado.
O Outro Alemão, na
Suábia, levou ao poder, recentemente, um político ambientalista (o
ministro-presidente Kretschmann) e, no domingo passado próximo, em Estugarda, o
primeiro burgomestre Verde, Fritz Kuhn.
O Outro Alemão prepara-se
para corrigir os desmandos da política desastrada de Anja Merkiavel, a filha do
pastor que bem gostaria de ter formato de estadista, coitada, mas que não passa
de mais uma banal cínica de poder, com um apetite ávido pelo tacho, como tanta
outra gentinha do nível rasteiro dela.
Resumindo: até Setembro
futuro próximo, o mundo irá assistir ao duelo entre o Alemão Burro e o Outro
Alemão.
Como militante do SPD
(mas tão desiludido que nunca ponho os pés nas reuniões organizadas pelos
zelosos funcionários para entreterem quem vai pagando as quotas)... espero que
o Outro Alemão leve a melhor.
Para bem da Europa e do
mundo. E... last but
not least... da própria Alemanha!
Afinal… também sou Alemão,
repito… não obstante os esforços desesperados do taxista sr. Schneider,
ativista nazi convicto... para tentar impedir-me de o fazer... uma cena tão
imbecil e grotesca... que nem vale a pena dar mais pormenores.
[Bochum, terça, 23 de
Outubro de 2012], Jaime Ferreira da Silva