"Filme sobre a imponderabilidade da vida e os caprichos do amor, rodado numa Barcelona de cores doces e voluptuosas, cuja arquitectura de Gaudi ajuda a moldar numa perspectiva arrevesada e tortuosa, “Vicky Cristina Barcelona” é mais uma daquelas obras onde o confronto de duas civilizações, e de dois comportamentos quase inconciliáveis cria o conflito e mantém a expectativa. De um lado, os americanos planificados, pragmáticos e algo puritanos, por muito que afirmem que “não julgam ninguém”. Por outro lado, a vida boémia e libertina dos artistas europeus, herdeiros de um contexto histórico muito diferente, e que exerceu sempre um enorme fascínio nos companheiros do outro lado do Atlântico (veja-se por exemplo, a dita “geração perdida” dos anos 20, que emigrou quase toda para o Velho Continente, por longas temporadas, em busca de inspiração e vivência intensa). Cristina é um caso desses, americana como Vicky, mas sequiosa de novidades e pronta a entregar-se aos mais díspares triângulos e duetos amorosos. A sua franqueza irá talvez fazê-la sofrer mais, cada nova paixão equivale a um novo desgosto, mas, para quem assim vive, a dor é o equivalente ao prazer e tudo vale a pena se a vida não é pequena."
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