domingo, 8 de fevereiro de 2009

Em memória de John Updike, poema Açores

Açores
"Grandes navios verdes
eis que navegam
ancoradas, para sempre;
sob as águas

enormes raízes de lava
prendem-nas firmes
a meio do Atlântico
ao passado.

Os turistas, pasmando
do convés
proclamam aos guinchos lindas
as encostas malhadas

de casinhas
(confettis) e
doces losangos
de chocolate (terra).

Maravilham-se com
os campos graciosos
e os socalcos
feitos à mão para conter

os modestos frutos
das vinhas e das árvores
importadas pelos
portugueses:

paisagem rural
vindo à deriva
de há séculos;
a distância

amplia-se.
O navio segue.
Outra vez a constante
música alimenta

um vazio à popa,
os Açores sumidos.
O vácuo atrás e o vácuo
à frente são o mesmo.

Traduçâo de Jorge de Sena(pema feito durante uma viagem de barco a caminho dos Est. Unidos)

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