quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Mudam-se os tempos...


Estudo comparativo entre um texto do séc. XVI (*)
e o actual modelo de avaliação dos professores seguido de


Comentários da Ministra e do sindicalista Mário Nogueira

Nada deve ser mais importante nem mais desejável (…) do que preservar a boa disposição dos professores
(…). É nisso que reside o maior segredo do bom funcionamento das escolas (…).”
“Com amargura de espírito, os professores não poderão prestar um bom serviço, nem responder convenientemente às [suas] obrigações.”


Mário Nogueira: O mal estar docente prejudica gravemente a qualidade do ensino!

Ministra: O dever dos professores é ensinar os seus alunos: A motivação dos professores é secundária.

.”Recomenda-se a todos os professores um dia de repouso semanal: “A solicitude por parte dos superiores anima muito os súbditos e reconforta-os no trabalho

Mário Nogueira: Pela defesa do direito ao dia de folga!

Ministra: Deus, que é Deus, descansou um dia; os professores já têm dois dias de folga: Sábado e Domingo

Quando um professor desempenha o seu ministério com zelo e diligência, não seja esse o pretexto para o sobrecarregar ainda mais e o manter por mais tempo naquele encargo. De outro modo os professores começarão a desempenhar os seus deveres com mais indiferença e negligência, para que não lhes suceda o mesmo.”

Mário Nogueira: É preciso desburocratizar a prática docente!

Ministra: Os melhores devem ser recompensados, as boas práticas reconhecidas.


Incentivar e valorizar a sua produção literária: porque “a honra eleva as artes.”

Mário Nogueira: Os professores têm direito a formação gratuita para elaborarem os seus Relatórios Críticos de autoavaliação!

Ministra: Embora não seja obrigatório, é conveniente que o professor elabore o seu próprio portfolio…


Em meses alternados, pelo menos, o reitor deverá chamar os professores (…) e perguntar-lhes-á, com benevolência, se lhes falta alguma coisa, se algo os impede de avançar nos estudos e outras coisas do género. Isto se aplique não só com todos os professores em geral, nas reuniões habituais, mas também com cada um em particular, a fim de que o reitor possa dar-lhes mais livremente sinais da sua benevolência, e eles próprios possam confessar as suas necessidades, com maior liberdade e confiança. Todas estas coisas concorrem grandemente para o amor e a união dos mestres com o seu superior. Além disso, o superior tem assim possibilidade de fazer com maior proveito algum reparo aos professores, se disso houver necessidade.”

Mário Nogueira: Pela defesa da avaliação formativa!

Ministra: As reuniões entre avaliador e avaliados devem ser calendarizadas (em meses alternados)…

"I. 22. Para as letras, preparem-se professores de excelência
Para conservar (…) um bom nível de conhecimento de letras e de humanidades, e para assegurar como que uma escola de mestres, o provincial deverá garantir a existência de pelo menos dois ou três indivíduos que se distingam notoriamente em matéria de letras e de eloquência. Para que assim seja, alguns dos que revelarem maior aptidão ou inclinação para estes estudos serão designados pelo provincial para se dedicarem imediatamente àquelas matérias – desde que já possuam, nas restantes disciplinas, uma formação que se considere adequada. Com o seu trabalho e dedicação, poder-se-á manter e perpetuar como que uma espécie de viveiro para uma estirpe de bons professores.

Mário Nogueira: Todos os professores têm direito a formação gratuita e boas condições de trabalho!

Ministra: Apenas «alguns» dos professores (os que «possuam formação adequada» e «revelarem maior aptidão») podem aspirar ao topo da carreira. Criem-se cotas de excelentes e uma classe de professores titulares («viveiro de uma estirpe de bons professores»).


II. 20. Manter o entusiasmo dos professores
O reitor terá o cuidado de estimular o entusiasmo dos professores com diligência e com religiosa afeição. Evite que eles sejam demasiado sobrecarregados pelos trabalhos domésticos."

Mário Nogueira: Os professores devem ser respeitados e motivados! Contra a sobrecarga de trabalho!

Ministra: Antes como agora, a figura do director é indispensável. Reforce-se o trabalho docente que é realizado nas escolas.



(*) Ratio Studiorum da Companhia de Jesus (1599).

2 comentários:

Mar Arável disse...

Mário Nogueira

pois claro

Agradeço sua visita

aqui tão perto

Riscos e Rabiscos disse...

É espantoso analisar a disparidade entre as preocupações existentes no séc XVI, para com os docentes, e as actuais manifestas pela ministra... :-|