domingo, 29 de março de 2009

A minha infância perdida...(1)

Perdi a infância e as grandes horas
e procuro numa árvore não sei que intimidade
como se um sol para as mãos nascesse deste olhar mas a inocência é rápida como o brilho
silenciosa
e existe em si mesma.

Uma forma, sim, sempre silenciosa
um dia nascida da surpresa e constância
dia a dia nascida da inocência, mas
como fugir a esta inútil presença?



Monólogo, de Ramos Rosa, in Não posso adiar o coração







5 comentários:

mdsol disse...

Gostei de tudo! Das palavras e das imagens!

bjs
:))

Maria disse...

Conjunto de palavras e imagens harmonioso... das palavras, que dizer?
Afinal, quem pode "adiar o coração"?

Beijo

Justine disse...

Palavras e pintura, um conjunto harminioso e com sabor a nostalgia, tal é forte a convocação da infância...
Muito belo!
Abraço

Riscos e Rabiscos disse...

As imagens parecem aguarelas de um livro ilustrado para a infância :-)

Deixo-lhe aqui também A.Ramos Rosa, tido como um dos grandes poetas portugueses contemporâneos:

"Para uma amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo da algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra,quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol"

(Viagem através duma Nebulosa, 1960)

Parafraseando o autor:
para um(a) amigo(a) da blogosfera tenho sempre um relógio.
;-)

anamar disse...

Obrigada pelo poema... é lindo!
Um destes dias publico-o!
As pinturas são d um pintor brasileiro, mas penso que náo é de livro para a infancia..
Bj