Perdi a infância e as grandes horas
e procuro numa árvore não sei que intimidade
como se um sol para as mãos nascesse deste olhar mas a inocência é rápida como o brilho
silenciosa
e existe em si mesma.
Uma forma, sim, sempre silenciosa
um dia nascida da surpresa e constância
dia a dia nascida da inocência, mas
como fugir a esta inútil presença?
Monólogo, de Ramos Rosa, in Não posso adiar o coração
5 comentários:
Gostei de tudo! Das palavras e das imagens!
bjs
:))
Conjunto de palavras e imagens harmonioso... das palavras, que dizer?
Afinal, quem pode "adiar o coração"?
Beijo
Palavras e pintura, um conjunto harminioso e com sabor a nostalgia, tal é forte a convocação da infância...
Muito belo!
Abraço
As imagens parecem aguarelas de um livro ilustrado para a infância :-)
Deixo-lhe aqui também A.Ramos Rosa, tido como um dos grandes poetas portugueses contemporâneos:
"Para uma amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo da algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra,quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol"
(Viagem através duma Nebulosa, 1960)
Parafraseando o autor:
para um(a) amigo(a) da blogosfera tenho sempre um relógio.
;-)
Obrigada pelo poema... é lindo!
Um destes dias publico-o!
As pinturas são d um pintor brasileiro, mas penso que náo é de livro para a infancia..
Bj
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