quinta-feira, 16 de julho de 2009

Por continuar cansada das parvoeiras da ilha e do continente, vou poemar...

Pintura de, De Chirico, 1926 Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.

"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical."
Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."

E de falarem descobriram que era
O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs
Primos-entre-si.

E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianase pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.

Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações ediagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.

E casaram-se e tiveram
uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,
se torna monotonia.

Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.

Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
chamado amoroso.
E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade
Como aliás,
em qualquerSociedade.

(este poema delicioso chegou-me via mail e não tem autor... se alguém conhecer o nome...p.f. deixe no comentário)

4 comentários:

jorge esteves disse...

Platão?!...
'Aqui não entra quem não souber amar a Geometria', diz-se que estava inscrito sobre a sua porta...

abraços!www.tintapermanente.com

Francisco Clamote disse...

Também já recebi o poema via "e-mail" mas tanbém ignoro o autor.O que é pena, porque merecia consagração pública !

Maria disse...

E eu também o recebi por mail, devo tê-lo guardado (não sei se com autor ou sem autor) mas agora não vou à procura dele...
:)))

Talvez quando isto acalmar, por férias...
:)

Anónimo disse...

Segundo as minhas pesquisas no google, o autor é desconhecido.