De repente do riso fez-se pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a ultima chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imòvel fez-se o drama'
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez de amante
E de sòzinho o que se fez contente
Fez-se do amigo pròximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
Vinicius, in Antologia Poètica
Õleo do pintor brasileiro, do Rio de Janeiro, Eduardo Arguelles, "Encantamento"
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