Hoje, no casino da Figueira da Foz, mais uma lição de História
1. Não sabia que Jorge de Sena conhecia a Figueira da Foz, tendo vindo passar férias de Verão, em 1935, a casa do seu tio Jaime Teles.
2. Destaco Sinais de Fogo pela importância que a Figueira assume na obra, editada postumamente, em 1979, por sua mulher Mécia Sena.
3. “Não há para uma cidade destino mais invejável do que o ser mistificada pela literatura”.
4. De facto, na obra de Sinais de Fogo de Jorge de Sena, a ação decorre sobretudo na Figueira da Foz, em 1936. A personagem principal, Jorge, que é o narrador, parte de Lisboa para aí passar férias:
5. “No dia seguinte, parti para a Figueira da Foz, no comboio da manhã. Comprei o jornal. A primeira página estava cheia da mesma coisa: rebentara em Espanha uma Revolução e que o jornal em grandes letras, chamava Nacional.”pág.64
6. “Quando cheguei à Figueira, a estação era um tumulto de espanhóis aos gritos, com sacos e malas, crianças chorando, senhoras chamando umas pelas outras, homens que brandiam jornais, e uma grande massa de gente comprimindo-se nas bilheteiras.”
7. Para quem não conhece a Figueira da Foz, o Bairro Novo é e foi um espaço privilegiado dos acontecimentos, era um espaço de passagem para a praia, ou mesmo local onde “ nas mesas de cafés só uns raros sujeitos gozavam da sombra ante uma cerveja. Eram, como de costume, pais de família, que se recusavam a encher de areia os sapatos na praia. Raramente pais tomavam banho, como aliás as mães ou as tias. "
8. Nesta zona existiam pensões onde estavam hospedados os veraneantes e, entre eles, alguns amigos do Jorge que este procura. As pensões proporcionam igualmente encontros amorosos:
9. “Voltei ao Bairro Novo, e entrei na pensão Ramos. O empregado da porta reconheceu-me, e sim, não tinham descido, estavam com visitas, eu que subisse. Subi trémulo e, mais trémulo , fiquei indeciso diante das portas dos quartos. Devia ser este o da Mercedes. Bati muito de leve, com os nós dos dedos. À escuta olhava de um lado para o outro, esperando que uma das portas próximas se abrisse repentinamente. A chave deu uma volta, e ela surgiu no intervalo estreito que entreabrira: - Tu?- , De relance pareceu-me mais bela do que nunca, com os olhos escancarados, e o cabelo meio despenteado. Empurrei-a para dentro e fechei a porta atrás de mim.”Pag.241
10. (…) Toda a gente que cruzava comigo, cruzava porque já estava envolvida, ou era envolvida porque cruzava a cadeia de acontecimentos, cada um dos quais gerava outros que, por sua vez, estavam ligados a alguns dos anteriores ou a todos?
11. (…) A Figueira era um meio pequeno, onde todos os fios de uma meada se cruzavam. Mas eu não era da Figueira. E das duas uma: ou sempre uma Figueira se formava à volta de qualquer pessoa, (…) ou a sorte estava fazendo de mim uma espécie de catalisador, que, não podia dar um passo, nem falar com ninguém, sem que desencadeasse reacções possíveis só com a presença dele,e que apenas aguardavam esta presença para se realizarem.”pp.260/1
12. Outro dos espaços importantes é o casino que reflecte o ambiente próprio da época(…)
13. O casino servia de ponto de encontro não só de amigos que estavam de férias mas também dos habitantes da cidade , como era o caso do tio do Jorge.
14. Era um dos sitos onde podiam divertir-se e arranjar companhia .
15. É ainda neste espaço que o comportamento de Jorge com Mercedes é denunciado pelo noivo traído, Almeida, que armou um escândalo. –“ Sabes o que ele fez ontem? Um escândalo no casino , no meio de uma data de gente, gritando alto e bom som que eu era”,,,(p.344)
Informações colhidas na publicação semestral da Associação Doutor Joaquim de Carvalho,
17. LITORAIS, estudos figueirenses
3 comentários:
Como eu percebo bem o teu post de hoje!Como é entusiasmante viajar por uma cidade através das páginas de um livro que se ama!
Bom fim de semana, amiga:)))
Está tudo bem?
Bom fim de semana e beijinho
:)))
Beijos para as minhas duas amigas do longe mas que me estão no coração...
Espero por melhores dias, lina mdsol...
:))
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