segunda-feira, 28 de março de 2011

Momentos...

Fernando Pessoa, de Mário Botas
O poeta é um fingidor

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.


E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.


E assim nas calhas de roda

Gira a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.


De Fernando Pessoa

2 comentários:

Justine disse...

Inteligentíssimo, este poema!
E não vou falhar o Mário Botas:))

jrd disse...

...de magia.