Esta noite e em repetição estivemos com Manuel António Pina.
Manuel António Pina - não apenas na qualidade de poeta mas também na cronista e na de autor de literatura para a infância - foi distinguido no ano passado com o prémio Camões e, com alguns dos seus livros há muito fora do mercado, impunha-se a edição da sua poesia completa, que chega agora no volume «Todas as Palavras». Um volume onde se torna claro o modo como a poesia de Manuel António Pina evoluiu numa busca permanente: «Falta-me uma palavra essencial, / um som perverso para morrer: um sonho».
Isto escrevia o poeta ainda nos anos 60. Agora, já em pleno século XXI, Manuel António Pina já não espera a «palavra essencial», nem que seja ela a ir à procura dele: «Não abras a porta, / se for o sublime diz que não estou, / já temos palavras demais»...
(texto de junho de 2012, TSF)
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Amor como em casa
Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa, compro um livro, entro no
amor como em casa.
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa, compro um livro, entro no
amor como em casa.
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