Vamos lá preparando a visita de "Merkiavel".... para Novembro...
Mão amiga.... lutador incansável desta "forma " de Europa, mas crente numa outra, se Merkel desaparecer nas eleições de 2013... , Jaime Ferreira um estudioso de filosofia e sociologia, apresenta-nos, "petit à petit"... a tradução de um pequeno livro saído na Alemanha, do sociólogo alemão, Ulrich Beck (1944)
Vão passando pois pelo Mar....
Beck, Ulrich (2012)
A Europa alemã. Novas paisagens de
poder sob o signo da crise
(Berlim: Suhrkamp Verlag)
(0)Índice [p. 5]
Prefácio
Introdução: a Alemanha
perante a decisão do ser ou não ser da Europa
I. Como a crise do euro
dilacera a Europa – e como a liga
1. A política de
austeridade alemã divide a Europa: os Governos aprovam-na, as populações
estão
contra
2. Os sucessos da União
Europeia
3. A cegueira da economia
4. Política interna
europeia: o conceito de política referida ao Estado nacional é anacrónico
5. A crise da União
Europeia não é uma crise de endividamento
II. As novas coordenadas
de poder na Europa: como se chega à Europa alemã
1. A Europa ameaçada e a crise da política
2. A nova paisagem de poder na Europa
3. «Merkiavel»: a hesitação como táctica
domesticadora
III. Um contrato social para a Europa
1. Maior liberdade através de mais Europa
2. Maior segurança social através de mais Europa
3. Mais democracia através de mais Europa
4. A questão do poder: quem é capaz de impor o
contrato social?
5. Uma Primavera europeia?
[p. 6 ]
(1)Prefácio [pp. 7-8]
Será
que, quando o leitor tiver este livrinho entre mãos, na Grécia se voltará a
efectuar pagamentos em dracmas ou, até na própria Alemanha, em marcos alemães?
Ou será que o leitor vai sorrir destes cenários sombrios, por a crise ter sido
superada, há muito, e a Europa política ter saído dela, fortalecida? Já o
simples facto de se fazerem estas perguntas, o andar às apalpadelas na névoa da
incerteza, diz muitas coisas acerca do estado volátil da Europa e do risco de
se querer entendê-lo.
Todos
sabem isso, mas dizê-lo, explicitamente, é o mesmo que quebrar um tabu: a
Europa tornou-se alemã. Ninguém o quis, deliberadamente, mas, em face do
colapso do euro, a potência económica que é a Alemanha «resvalou» para a
posição de grande potência europeia decisiva. O historiador inglês Timothy
Garton Ash escreveu o seguinte, sobre este assunto, em Fevereiro de 2012.
No ano de 1953, Thomas Mann proferiu, em
Hamburgo, um discurso perante estudantes em que lhes implorou que não lutassem
por « Europa alemã» uma mas sim por uma« Alemanha europeia» . Este
fórmula foi repetida, vezes sem conta, nos dias da reunificação alemã. Hoje,
porém, assistimos a uma variação dela que só poucos tinham previsto: uma
Alemanha europeia, em uma Europa alemã.(1)
Como é
que foi possível acontecer isto? Quais são as suas consequências? Que futuros
ameaçadores haverá, ou que vantagens aliciantes? Tudo isto são questões que
irei discutir, neste trabalho.
Presentemente, o debate público é quase exclusivamente dominado pela
perspectiva da economia, o que parece ser um pouco absurdo, se nos lembrarmos
de como os próprios economistas foram surpreendidos pela crise. O problema que,
aqui, reside, é o seguinte: a perspectiva económica não vê que não se trata
apenas de uma crise da economia [8] (e do pensamento económico) mas antes, muito
em especial, de uma crise da sociedade e da política – e da compreensão
predominante de sociedade e de política. Não sou eu portanto que, como
sociólogo, estou a fazer incursões no terreno alheio da economia, a economia é
que se esqueceu da sociedade de que ela trata.
A
minha intenção é propor, neste trabalho, uma nova interpretação da crise.
Gostaria de tentar analisar, detidamente, as notícias que se vêem, diariamente,
nos programas televisivos ou nas parangonas dos jornais, e investigar o seu
relacionamento mútuo. A leitura que ofereço assenta no quadro de referência da
minha teoria da sociedade de risco. Esta perspectiva, focada num modernismo sobre
o qual se perdeu o controle, que apresentei nas obras respectivas, vai ser,
aqui, desenvolvida em relação à crise da Europa e do euro.
Para
superar a crise precisamos, de acordo com um ponto de vista muito difundido, de
mais Europa. Este “mais Europa”, porém, encontra cada vez menos adesão nas
sociedades dos Estados membros. Poder-se-á pensar na consumação da união
política partindo destes pressupostos? Em uma política fiscal, económica e
social comum? Ou, no decurso da união política, deixou-se de fora, durante
muito tempo, a questão decisiva, ou seja, a questão da sociedade europeia,
ignorando-se o soberano, ou seja, o cidadão?
Put
society back in it! Não se esqueçam da
sociedade! O objectivo deste trabalho é dar visibilidade, na crise financeira,
às modificações do poder e à nova paisagem de poder, na Europa.
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