EMBRIAGUEM-SE
É preciso estar
sempre embriagado.Aí está: eis a única questão.
Para não sentirem o fardo
horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem
sem descanso.
Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.
Mas
embriaguem-se.
E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva
verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou
desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao
pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo
que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a
estrela, o pássaro, o relógio responderão:
"É hora de embriagar-se! Para não
serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se;
embriaguem-se sem
descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.
Les fleurs du mal, de Baudelaire
2 comentários:
Que tristeza
nem o vinho nem a poesia me embriagam
So o amor me embriaga, ainda bem.
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