O bichano que ainda não posso ter...
Andava a pensar arranjar um gato para companhia e outras ronronices...
Muitas ideias, solidariedade para quando me ausentasse, até que alguém me disse e atempadamente...
- Olhe, Ana, se quer ter um gato, tem que ter cuidado com as janelas, pois eles saltam.... e, vai estatelar-se no meio do chão e depois chora....
Ora acontece que moro num 5º andar e a partir da primavera as janelas estão sempre abertas quase o dia todo....
Só no inverno dou pausa ao abrir e fechar das mesmas.
Resumindo. A minha ausência de "maturidade"para tal esforço faz-me adiar tal aquisição para outras calendas... Quem sabe, se a velhice me leva a ter janelas fechadas em detrimento de um adorável bichano ...
Na altura em que Raymond Chandler criou a personagem de Philip Marlowe, que lhe daria fama e fortuna e faria dele um dos mais populares autores de literatura policial do mundo, tinha um belo gato persa de cor negra e pêlo longo e farto.
Várias vezes Chandler se fez fotografar com o seu gato persa ao colo e com o cachimbo na boca, contribuindo ambos para compor uma imagem que o tempo não apagou.
Há entretanto, quem diga que foi o persa preto que o inspirou na construção de muitos dos enredos e dos casos que o astuto Marlowe acabou por solucionar.
O gato nunca se pronunciou acerca disso. E o escritor também não. Talvez só Marlowe fosse capaz de deslindar este mistério que ajuda a fazer o fascínio da pr´pria literatra.
In,Amados Gatos, de José Jorge Letria, Oficina do Livro
Fotogrtafia de João Viana e um dos seus muitos gatos....
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