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Ora ficámos no "amor fino" de Padre António Vieira, ou o amor a fundo perdido...
Não há outro; ao amor que espera retorno podemos chamar investimento, vaidade, medo ou comodismo. Podemos até decidir ser felizes através dele. Mas o amor digno desse nome não cuida de enredos ou desenlaces; é, como escreveu Ovídio, uma arte, com o que isso significa de coragem e entrega. A arte exige o dom da metamorfose e um alto grau do domínio perante a dor. O artista, como o amante, tem de ser capaz de sair da sua própria pele para se colocar dentro da pele do outro. Esvaziando-se na entrega, ganha também imunidade à dor - há sempre um lado seu que contempla, de fora, como um Deus, a obra que dentro de s iestá gerando.
Tudo isso existe, em sublime condensação, no casamento entre a música e letra - e assim o Brasil deu de 10 a 0 em toda a história da filosofia. de Ovídio e Platão a Kant e Nietzsche.
"Se você tem uma história incrível é melhor fazer
está provado que só é possível filosofar
em alemão".
A receita é de Caetano, em" Língua", a melhor canção alguma vez escrita . Estava tentada a acrescentar "em língua portuguesa", mas a tese que aqui se expõe é a de que a língua portuguesa é responsável pela criação das mais perfeitas cancões.
Excerto de artigo de Ines Pedrosa na revista !BRAVO, DEZEMBRO DE 2011
3 comentários:
Magnífico! Para além de ser um tratado de linguística :-))))))
~ Concordo com a avaliação.
~ Belos e inteligentes poemas, ótimos músicos e excelentes intérpretes.
~ A propósito da canção, lamento a arrogância dos opositores ao
~ Acordo Ortográfico pela cultura brasileira.
~ ~ Ana, um bom serão e uma semana agradabilíssima. ~ ~
~ ~ ~ ~ Abracinho. ~ ~ ~ ~
Obrigada a todos pela visita...
Pela sua permanente atenção comigo, Majo, desde já espero que tudo seja a um ritmo de tranquilidade e descoberta permanente...
Quanto aos acordos... já "baralhei"... :)
Obrigada e remeto os votos.
Abracinho
Ana
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