sábado, 7 de junho de 2014

O bom da vida. Viver a poesia ... Bom domingo

A Festa do SilêncioEscuto na palavra a festa do silêncio. 
Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se. 
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas. 
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas. 
É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma. 

Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia, 
o ar prolonga. A brancura é o caminho. 
Surpresa e não surpresa: a simples respiração. 
Relações, variações, nada mais. Nada se cria. 
Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça. 

Nada é inacessível no silêncio ou no poema. 
É aqui a abóbada transparente, o vento principia. 
No centro do dia há uma fonte de água clara. 
Se digo árvore a árvore em mim respira. 
Vivo na delícia nua da inocência aberta. 

António Ramos Rosa, in "Volante Verde"
As minhas fotografias, Alentejo

2 comentários:

Majo disse...

~
~ ~ ~ "Se digo árvore, a árvore em mim respira." ~ ~ ~

~ ~ ~ ~Bom S. António e boa semana, Anamar.~ ~ ~ ~

anamar disse...

Majo,

não há festas por ora...

este ano.

vida.

mas há sol.... :)

Tudo de bom ~~~~~~~~~:)