A poesia vai
A poesia vai acabar, os poetas
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
Um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
poeta por este senhor?» E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
- Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar? -
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
Um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
poeta por este senhor?» E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
- Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar? -
Manuel António Pina
6 comentários:
Querida Anamar que maravilha!
~
Um poema i n t e r e s s a n t í s s i m o!
~ ~ Belos - o 'graffiti' e a tua foto...
~ ~ ~ Abraço amigo. ~ ~ ~
~~~~~~~~~~~~~
Que despontem os cravos
Bj
Belo poema do Manuel António Pina.
É preciso gritar que a poesia não morreu?
Um beijo.
Majo,
viva...
Não é "graffiti", mas a água do mar em maré viva a espelhar um edifício na praia do Estoril.
Beijinho,
Ana
~
~ Ana amiga.
~ Eu achava, de facto, uma pintura mural um tanto estranha,
mas não percebi o magnífico espelho de água.
~ ~ ~ Beijinho. ~ ~
~~~~~~~~~~~~
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