Fotografia de Erwin Olaf |
És uma fonte de inspiração como rodilhas de cozinha
para um fotógrafo gasto pela película velha de uma azinheira
em combustão. Ah, se eu sei como buscas crédito
entre os fantoches de um palco carcomido e pouco iluminado
como mandam os bons costumes de uma decadência encenada.
Escreveres, lá isso escreves, como quem limpa o cu,
como se fosse uma ardósia de maus costumes (e tu achas isso
adorável!) e esperas que te aplaudam ao som de brindes
dos novos gins num strip-tease que a idade, as mamas
de plástico e os cabelos engraxados não perdoam. Ai, prosador
de piscinas vazias pelos calotes tu sabes que um verso
é tão doloroso como a falta de hábito de ter tesão. Lamento por ti!
Mas isto de andar pelo mundo quando o mundo já passou
por ti sem que te desses conta não é fácil. É bom ver-te
ao longe nas festas das abóboras endinheiradas a falares de penicos
como quem enche a boca de genialidades literárias
ou frequentares os salões dos prémios na esperança que te toque
um ramalhete de clitóris rapados e surja na ponta
dos teus dedos repletos de artroses o texto sublime
para a antologia das alfaces voadoras e brasonadas
que tantas noites de insónia te provocaram nessa dolorosa
cama de pregos. O teu charme irresistível
de principezinho na reforma perde-se no teu sexo em vírgula
murcha com o valor da pausa que já não controlas.
Escreveres assim já não é tão natural como a tua sede.
Ólarilolé!
para um fotógrafo gasto pela película velha de uma azinheira
em combustão. Ah, se eu sei como buscas crédito
entre os fantoches de um palco carcomido e pouco iluminado
como mandam os bons costumes de uma decadência encenada.
Escreveres, lá isso escreves, como quem limpa o cu,
como se fosse uma ardósia de maus costumes (e tu achas isso
adorável!) e esperas que te aplaudam ao som de brindes
dos novos gins num strip-tease que a idade, as mamas
de plástico e os cabelos engraxados não perdoam. Ai, prosador
de piscinas vazias pelos calotes tu sabes que um verso
é tão doloroso como a falta de hábito de ter tesão. Lamento por ti!
Mas isto de andar pelo mundo quando o mundo já passou
por ti sem que te desses conta não é fácil. É bom ver-te
ao longe nas festas das abóboras endinheiradas a falares de penicos
como quem enche a boca de genialidades literárias
ou frequentares os salões dos prémios na esperança que te toque
um ramalhete de clitóris rapados e surja na ponta
dos teus dedos repletos de artroses o texto sublime
para a antologia das alfaces voadoras e brasonadas
que tantas noites de insónia te provocaram nessa dolorosa
cama de pregos. O teu charme irresistível
de principezinho na reforma perde-se no teu sexo em vírgula
murcha com o valor da pausa que já não controlas.
Escreveres assim já não é tão natural como a tua sede.
Ólarilolé!
Luís Filipe Sarmento, «Gabinete de Curiosidades», 2015 ( surripiado no FB, porque muito gostei.)
2 comentários:
~ ~ ~
~~ Uma literatura bizarra!
~ Não falta muito ao poeta
para ser um «princesinho na reforma»...
~ Não queres um temporal buliçoso?
~ Estou cansada de o ouvir todo o dia!
~~~ Beijinhos amigos. ~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Fez me lembrar alguém...
:)
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