A Guerra
E tropeçavam todos nalgum vulto,
quantos iam, febris, para morrer:
era o passado, o seu passado — um vulto
de esfinge ou de mulher.
Caíam como heróis os que não o eram,
pesados de infortúnio e solidão.
(Arma secreta em cada coração:
a tortura de tudo o que perderam.)
Inimigos não tinham a não ser
aquela nostalgia que era deles.
Mas lutavam!, sonâmbulos, imbeles,
só na esp'rança de ver, de ver e ter
de novo aquele vulto
— imponderável e oculto —
de esfinge, ou de mulher. David Mourão-Ferreira, in "Tempestade de Verão"
quantos iam, febris, para morrer:
era o passado, o seu passado — um vulto
de esfinge ou de mulher.
Caíam como heróis os que não o eram,
pesados de infortúnio e solidão.
(Arma secreta em cada coração:
a tortura de tudo o que perderam.)
Inimigos não tinham a não ser
aquela nostalgia que era deles.
Mas lutavam!, sonâmbulos, imbeles,
só na esp'rança de ver, de ver e ter
de novo aquele vulto
— imponderável e oculto —
de esfinge, ou de mulher. David Mourão-Ferreira, in "Tempestade de Verão"
5 comentários:
Muito bom! Muito bem escolhido para o dia de hoje.
Para que conste
Bj
O poema do David, a fotografia que ficou como um ícone do fim da guerra… Tudo excelente, minha Amiga.
Uma boa semana.
Um beijo.
Os nossos soldados passaram horrores nas trincheiras da Flandres,
nunca é demasiado homenageá-los...
Muito bom, querida Amiga.
Abraço.
~~~
Que lindo poema Anamar!
Guerras não deviam nunca existir...
E aqui, em modo de espera - do verão :)
Beijinhos
Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com
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