O escritor norte-americano, Paul Auster, tem como protagonista do seu livro “Homem na escuridão”, August Brill, um crítico literário de 72 anos, que sofre de insónias.
“Sozinho na escuridão, revolvo o mundo na minha cabeça enquanto me debato com mais uma insónia, com mais uma noite em branco na imensidão da natureza selvagem da América (…) A noite ainda é uma criança e, enquanto para aqui estou deitado na cama, perscrutando a escuridão, uma escuridão tão negra que nem consigo ver o tecto, ponho-me a recordar a história que comecei a noite passada. É o que eu faço quando o sono se recusa a vir. Deixo-me ficar deitado na cama e conto-me histórias. Podem não ser nada de especial, mas, enquanto estou dentro delas, impedem-me de pensar nas coisas que preferiria esquecer. No entanto, a concentração pode ser um problema e, a maior parte das vezes, a minha mente afasta-se da história que estou a tentar contar e regressa às coisas em que não quero pensar. Não há nada a fazer. Falho vezes sem conta, os fracassos são mais frequentes do que os êxitos, mas isso não quer dizer que eu não me esforce, e muito, para contrariar essa tendência”
in Homem na Escuridão, Paul Auster, Lisboa, 2008
Lido na revista online Isleep
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