O
mais famoso crítico de arte vivo, Robert Hughes, diz que voltar os
olhos para os mestres do passado será sempre essencial, pois, por mais que a
arte contemporânea possa empolgar ela nunca poderá ser comparada àquilo que foi
feito entre os séculos XVI e XIX. Tem uma predileção absoluta por Francisco Goya
e sobre o mesmo lançou um livro de estudos por achar que o trabalho desse
artista extrapola seu tempo e se consegue, através de sua obra, entender melhor
a história da Espanha e da Europa. Afirma que mais que qualquer outro pintor,
Goya permite que se obtenha um conhecimento profundo da natureza dos sentimentos
e da idéia de justiça, assim como de seus reversos, a injustiça e a crueldade.
Vive-se num mundo de ironias extremas e de paixões e agressões tão desatinadas
quanto as de que trata Goya em seus quadros, diz Hughes. O crítico também
acredita que se vive numa era muito pobre em matéria de artes visuais e apesar
de se poder encontrar no mundo de hoje bons escultores e pintores, a idéia de
que a arte atual possa um dia se igualar às enormes realizações do passado é um
disparate. Artistas futuristas italianos chegaram a propor a destruição das
obras de arte criadas no passado, para apagar sua influência, entretanto toda a
arte feita no século XX, que teve algum valor, se baseou no passado, como as de
Matisse e Picasso cujas fontes de inspiração foram extraídas dos artistas de
renascença e do século XVIII, diz o crítico. Suas opiniões quanto a artistas
contemporâneos não são animadoras: sobre Andy Warhol diz que sua obra teve
alguma importância no começo dos anos 60, mas, no geral, acredita que a
reputação do artista americano é superestimada; quanto a Marcel Duchamp, fala
que nunca sentiu nenhum prazer diante das obras dele (o objetivo maior da arte é
dar prazer) e a tal arte conceitual, criada por Duchamp, deu origem ao que chama
de grande bobagem - as instalações - obras tolas que se precisa de bula para
entender o que o artista diz. Quanto ao valor exagerado que hoje se dá a certas
obras de arte profere ser danoso para a própria arte, pois o artista começa a
ser valorizado em função do mercado e não da importância de suas realizações e
sua transformação em bem de consumo de luxo muitas vezes dificulta que um dia o
grande público possa contemplá-las em museus. Propaga que a arte contemporânea
está valorizada e que, por exemplo, as obras de Damien Hirst, o mais conhecido
artista inglês atual não terão valor daqui a vinte anos. Para Hughes, bienais
não tem a mínima importância mostrando relevância somente para os negociantes de
arte e afirma que por baixo da fachada novidadeira, a maioria desses eventos se
transformou em feiras vulgares.A atmosfera do circuito internacional de arte é
corrupta, vive de criar modismos para faturar conclui o crítico australiano, que
por três décadas foi editor da revista americana Time e produziu ensaios
brilhantes, mas, também ficou famoso por destruir reputações. Consulta Google
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