quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

(Rare) Dalida - 1974 Parole Parole


CRÓNICA DAS PALAVRAS


CRÓNICA DAS PALAVRAS: "As palavras possuem cores secretas, odores subtis, densidades ignoradas. O discurso político conduz-nos ao nojo da frase. Pessoalmente, tento limpar o reiterado registo da aldrabice e da ignorância com a releitura dos nossos clássicos. Recomendo o paliativo. Eis-me às voltas com as Viagens na Minha Terra. Garrett não era, propriamente, uma flor imaculada. Mas foi um mestre inigualável na arte da escrita. Lembro-o porque, a seguir, revisitei o terceiro volume de As Farpas, onde Ramalho reproduz uma conversa com Herculano. O historiador retratou assim o seu companheiro das lutas liberais: 'Por cem ou 200 moedas, num dia de apuro, o Garrett seria capaz de todas as porcarias que quiserem, menos de pôr num papel, a troco de todo o ouro do mundo, uma linha mal escrita.'

Desaprendeu-se (se é que, vez alguma, foi seriamente aprendido) o vocabulário da língua. Lê-se o por aí publicado e a pobreza lexical chega a ser confrangedora. Não se trata de simplicidade; antes, desconhecimento, incultura, ausência de estudo. 'Foge de palavras velhas; mas não receies o uso de palavras antigas.' Recomendava Garrett. Palavras velhas, travestidas de 'modernidade', são, por exemplo: expectável, incontornável, enfatizar, implementar, recorrente, elencar, factível, plafonamento, exequível, checar, fracturante, imperdível, abrangente, atempadamente, alavancar, empolamento - e há mais."


Diário de Noticias, da cr´nica de Baptista-Bastos,4/o2

Jason Berger, pintor de que gosto

Dei comigo a pensar:- Um dia hei-de ter sorte ao jogo e ao amor!