segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

"os arquitectos são poetas também", disse Cottinelli Telmo . E, assim é...


Sanatório da Covilhã




Sobre José Angelo Cottinelli Telmo (Lisboa, 1897 - Cascais, 1948) , eu sabia muito pouco e o pouco que já soube,  tinha esquecido.
Fiz uma imensa viagem num espaço não muito grande , mas muito acolhedor, no interior do Padrão dos Descobrimentos, que qualquer um de vós pode fazer, desde que a distância não vos impeça e que dura até Abril de 2015. 
De uma concepção artística  irrepreensível, como sempre nos habituou António Viana e comissariada cientificamente por João Paulo Martins,  há a história de vida criativa de Cottinelli, de uma abrangência sem medida...
Não vos contar todas as surpresas... Só uma , que pelos vistos não era só minha...
"A Canção de Lisboa", primeiro filme sonoro em Portugal foi da sua realização, e não de Leitão de Barros , como supunha. Este último, era tão só , seu cunhado.
Boa viagem...

"entre o aqui e o agora"... Leituras breves

A Dúvida, a Solidão, logo... a EscritaNa vida, chega um momento - e penso que ele é fatal - ao qual não é possível escapar, em que tudo é posto em causa: o casamento, os amigos, sobretudo os amigos do casal. Tudo menos a criança. A criança nunca é posta em dúvida. E essa dúvida cresce à sua volta. Essa dúvida, está só, é a da solidão. Nasce dela, da solidão. Podemos já nomear a palavra. Creio que há muita gente que não poderia suportar o que aqui digo, que fugiria. Talvez seja por essa razão que nem todos os homens são escritores. Sim. Essa é a diferença. Essa é a verdade. Mais nada. A dúvida é escrever. É, portanto, também, o escritor. E com o escritor todo o mundo escreve. É algo que sempre se soube. 
Creio também que sem esta dúvida primeira do gesto em direcção à escrita não existe solidão. Nunca ninguém escreveu a duas vozes. Foi possível cantar a duas vozes, ou fazer música também, e jogar ténis, mas escrever, não. Nunca. 

Duras, Marguerite, in "Escrever"