segunda-feira, 16 de julho de 2012

(1)Pensando Frida e o seu coração dilacerdo... Partiu aos 47 anos, a 13 de Julho de 1954

 O equívoco contrato exigido por Frida aquando do seu novo casamento é posto em aplicação por Diego. Com a doce crueldade que o caracteriza, impõe a Frida a prova da verdade e da solidão, uma solidão por vezes insuportável para ela devido à dor. As operações e recaídas pregam-na ao se quarto-atelier, onde constrói esse amor absoluto que a devora como um sonho demasiado vasto
 para a sua noite.
Enquanto Diego Rivera está no centro da barafunda da sua vida mundana, Frida tem de se limitar a construir incansavelmente o seu alfabeto imaginário:
«Verde: luz tépida e boa.
«Roxo avermelhado: Tlapalli asteca. Sangue seco de figo-da-barbaria. O mais velho, o mais vivo.
«Café: cor de mole, de folha que cai. Terra.
«Amarelo: loucura, doença, medo. Parte do sol e da alegria.
«Azul-cobalto: eletricidade, pureza. Amor.
«Negro: nada é absolutamente negro.
«Folha verde: ainda mais louca, o mistério. Todos os fantasmas estão vestidos de roupas com esta cor... em todo o caso, as suas roupas interiores.
«Verde-escuro: cor de mas augúrios e de bons negócios.
«Azul-marinho: distância. A ternura e às vezes de um azul assim.
«Magenta: sangue? Quem sabe?»(1)


(1). Diário de Frida Kahlo
«Diego, começo
Diego, construtor
Diego, minha criança
Diego, meu noivo
Diego, pintor
Diego, meu amante
Diego, meu marido
Diego, meu amigo
Diego, minha mãe
Diego, meu pai
Diego, eu
Diego, universo
Diversidade na unidade
Mas por que é que eu digo Meu Diego?
Ele nunca será meu. Ele só pertence a si próprio.»


Excerto do livro DIEGO E fRIDA
De, J.M.G. Le Clézio


Relógio d' Água