quarta-feira, 9 de maio de 2012

Dia da Europa.... Mas que Europa?

«A Europa é feita de cafetarias, de cafés. Estes vão da cafetaria preferida de Pessoa, em Lisboa, aos cafés de Odessa frequentados pelos gangsters de Isaac Babel. Vão dos cafés de Copenhaga, onde Kierkegaard passava nos seus passeios concentrados, aos balcões de Palermo. (...) Desenhe-se o mapa das cafetarias e obter-se-á um dos marcadores essenciais da "ideia de Europa"

George Steiner, in A Ideia de Europa



 Este o primeiro axioma que Steiner convoca no seu ensaio para pensar uma Europa em desagregação. Desapareceram os cafés. E os que, ainda, sobrevivem - como, por exemplo, o Flore - já não são habitados pela ideia de infinito, mas antes por uma espécie de melancolia generalizada dos europeus, servindo apenas de espelho retro-reflector de um esplendor apropriado à admiração de turistas nostálgicos, refinados ou fetichistas que cruzam o seu limiar com o olhar vago de quem olha para uma qualquer sofisticada reconstituição histórica.
In Blogue , O Leitor sem qualidades
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