sábado, 3 de dezembro de 2011

Conclusão da estória em verso para meninos perversos...




`"Ó minha avozinha, quero saber,
As tuas orelhas estão a crescer?”
Sim, minha neta, para melhor te ouvir.”
“Que grandes olhos tens, querida avó”,
Disse a menina cheia de dó.
“São para melhor te ver”, disse o lobo
E pôs-se a pensar: “Não sou nenhum bobo,
Esta bela menina vou papar,
Que bom petisco para o meu jantar.
Vai saber-ma que nem um pão de ló,
Não é velha nem dura como a avó.”
“Mas avozinha", disse a menina,
Tens um casaco de pele tão fina:”
«Não», disse o lobo, «Deves perguntar
Por que são os meus dentes de espantar.
Bem, digas tu o que disseres
Como-te sem prato nem talhares.»
A menina sorriu. Da camisola
Sacou de imediato uma pistola
E com uma certeira pontaria
Pum, pum, pum aquele lobo morria.

***

Passaram os dias, passou m mês,
Vi a menina no bosque outra vez,
Mas sem o capuz, sem a capa encarnada,
Toda diferente, toda mudada.
Sorrindo me explicou: «Daquele bobo
Fiz este casaco de pele .


****


De Roald Dahl, tradução de Luísa Ducla Soares


Bom fim de semana ... com leituras para meninos "perversos" (1ª parte)

«Como estou farto de fazer de lobo!»
Disse cheio de fome, o senhor lobo.
«Há quatro dias que não trinco osso,
A avozinha vai ser o meu almoço.»
Quando a avozinha lhe abriu a porta
Com o susto treme e, meia morta,
Fitou aqueles dentes a brilhar.
«Ai, que o malvado me quer devorar!»
A pobre senhora tinha razão
Porque ele a comeu com sofreguidão:
A avozinha era pequena e dura,
O almoço não foi uma fartura.
«Ai, estou com uma fome aterradora,
Pronto para comer outra senhora.»
Foi procurar petiscos na cozinha
Mas nada para roer o bicho tinha.
«Vou-me sentar no colchão de folhelho
À espera do Capuchinho Vermelho.»
Disse o lobo enquanto se vestia
Com as roupas que por ali havia.
Saia de seda, botas de verniz,
Chapéu de veludo foi o que quis.
Escovou o pelo, as garras pintou,
Bem disfarçado assim se sentou.
Um pouco depois, em passo apressado,
A moça chegou, toda de encarnado.

******

(amanhã continua) 
De Roald Dahl, Estórias em verso para meninos perversos