sábado, 15 de fevereiro de 2014
Leituras breves... e o fim de semana possível
Teresinha Rosa já passava dos sessenta quando a vida lhe armou um campo de batalha e ela tomou o gosto ao pelejar. Atravessara até então os tempos - primaveras rosadas, invernias, sufocações de verão, tremores de outono - em perfeita harmonia com as coisas, como um madeiro a passear-se na corrente, abandonado às águas, prazenteiro, divertindo-de até com algumas topadas em bicos de rochedo. Era uma dessas raras culturas capazes de encontrar num ninho ou num rebento motivo para horas, dias, meses de uma incompreensível alegria. E mesmo nos desgostos carregava um tal deslumbramento no olhar; uma tal inocência e um tal espanto surgiam por detrás do véu das lágrimas que todos comentavam com inveja - alguns em confusão de escândalo e piedade - o quão eram felizes os pobres de espírito, coincidentes, por subtis desígnios, com os pobres do corpo, as mais das vezes....
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