terça-feira, 14 de julho de 2009

Palma Inácio, não posso deixar passar em branco!


PALMA INÁCIO-1922 - 2009

Não posso deixar passar em branco esta figura incontornável
da aviação ao serviço da luta "armada " que na minha adolescência me deixou ao rubro com o assalto ao BDP, mesmo ali nas minhas barbas... e eu e os demais só tomarem conhecimento do sucedido pela pela rádio...
Morava em frente ao Banco.
Estava um lindo dia de sol!
Muitas poeiras ficaram no ar.
Alegrias e muita tristezas... gente grada e arraia miúda sem saber bem no que estava metido.
Alguns, poucos, eram nossos conhecidos por laços de família.
Aquele aviãozinho que ficou em Cernache...
Um filme que ninguém ainda pensou em fazer com um galã à altura de Palma Inácio! Bonito, charmoso e de ar triste como todos os "eus " românticos e crédulos de grandes causas... algumas bem perdidas! E para mais vinde até aqui



Nem sempre tenho sucesso, mas tenho sempre esperança.
Ovídeo, poeta romano
Pintura de Vieira da Silva

Para o dia da França, um livro francês.

14 de julho, vamos até França...
Hoje, ao passar os olhos pela Bibloteca de Babel, e ao tomar conhecimento deste livro, ONDE VAMOS , PAPÁ? fiquei com vontade de o comprar, pois na minha vida profissional passou um trabalho profundo e inovador (anos 90) com crianças diferentes e cujas cumplicidades, alegrias e tristezas partilhadas com os pais ( leia-se mães)... provocaram momentos únicos!
Quem sabe se a vontade também não chega até vós? Partilhar a catarse de um pai , que ainda por cima o faz com sentido de humor, deve ser uma boa lição de vida.


«Toda a gente pensa nisso, como se pensa num tremor de terra, como se pensa no fim do mundo, numa coisa que só acontece uma vez. Eu tive dois fins do mundo», resume Jean-Louis Fournier, escritor, humorista e realizador de televisão francês. Tanto o seu primeiro filho (Mathieu) como o segundo (Thomas) revelaram, ao fim de poucos meses de vida, deficiências motoras e mentais profundas. Dito de outro modo: se o nascimento de uma criança normal (como viria a ser Marie, irmã mais nova de Mathieu e Thomas) representa um milagre, «uma criança deficiente é um milagre às avessas».Após várias décadas de silêncio sobre os filhos problemáticos, Fournier decidiu escrever-lhes um livro, mesmo sabendo que eles nunca o lerão. A ideia é resgatá-los do esquecimento, «para que não sejam apenas uma fotografia num cartão de invalidez». Retratá-los como eles, de facto, são. Ou eram. Um gesto que implica uma franqueza total, uma honestidade absoluta; certamente difíceis de assumir. Fournier não doura a pílula, não esconde as falhas próprias, não disfarça o desânimo, nem embeleza os remorsos: «Não fui um bom pai. Muitas vezes, não vos suportava, era difícil gostar de vocês. Convosco, era preciso uma paciência de santo, e eu não sou nenhum santo.» Espantosa, esta sinceridade.Por princípio, o progenitor de uma criança deficiente «não tem o direito de rir, porque isso seria do mais profundo mau gosto». Mas é essa linha que Fournier atravessa sem medo. Os filhos são flácidos, corcundas, frágeis como «avezinhas depenadas», com a cabeça «cheia de palha» e o corpo sustido por um espartilho ortopédico, de metal cromado e couro, que os assemelha a «guerreiros romanos de couraça». Ao falar deles, o tom oscila entre a ternura contida e o mais feroz humor negro. Exemplo: para Mathieu, que não consegue endireitar-se por falta de tónus muscular, o pai antevê a profissão de garagista. «Mas um garagista deitado. Daqueles que arranjam os carros por baixo nas garagens onde não há placa elevatória.» No fundo, ele troça dos filhos como Cyrano de Bergerac troçava do próprio nariz: criando uma distância irónica que é apenas um perímetro de segurança, uma linha de defesa contra a loucura.Sem que nada o fizesse prever, este livrinho quase sempre desconcertante (salvo nalgumas passagens mais delicodoces que lhe retiram alguma da força) foi uma das sensações da rentrée literária francesa de 2008. Além da boa recepção crítica e de uma presença de vários meses nos tops, com vendas superiores a 400 mil exemplares, arrebatou ainda o Prémio Femina.