terça-feira, 18 de setembro de 2012
No silêncio da noite... a poesia
Do livro de um poeta místico,
E ri como quem tem chorado muito.
Os poetas místicos são filósofos doentes,
E os filósofos são homens doidos.
Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtase ao luar.
Mas as flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtase ao luar,
Os rios seriam homens doentes.
(...)
Por mim, escrevo a prosa dos meus versos
E fico contente,
Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
E não compreendo por dentro,
Senão não era Natureza.
Fernando Pessoa
in, Ficções do Interlúdio
poemas publicados em vida
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