terça-feira, 24 de novembro de 2015

Os remorsos de Picasso e as razões do seu período azu l(o deprimido)

Representação da morte de Casagemas, "Evocação", 1901, Picasso
La vie, 1903, Picasso
Numas Jornadas Históricas , em que participei, em Seia, "Os Tempos e as Distâncias, tudo tão perto , tudo tão longe", houve uma comunicação, feita pelo Professor e Psiquiatra Carlos Braz Teixeira, Universidade de Coimbra, deveras interessante. Tema, "Tédios, vazios e distâncias no deprimido".
Da ponte da poesia à psicopatologia do mundo da psiquiatria, Carlos Teixeira falou da dispersão e do labirinto da melancolia: a angústia do existir, a roxidão do sofrimento, as as inquietantes lonjuras, o querer-não querer dar-se à morte. As queixas dolentes de todas as desertificações, umas exteriores, das falésias e dos oceanos, outras interiores, dos fantasmas vividos, postas no corpo e na palavra. Entendam-se por vezes, como sintomas listados e catalogados para a nomenclatura psiquiátrica de quem muito apressadamente só vislumbra o perto, quando a condição humana suscita ver além do horizonte.

Quando falou da morte e do suicídio apresentou estas duas formas de morrer. VanGogh, morre por fora com o suicídio, desaparece fisicamente, e Picasso, na sua juventude" morre" por dentro, com a morte, suicídio, do seu maior amigo, Carlos Casagemas, por causa de umas turbulentas disputas amorosas, onde havia várias envolvidos. Num ato tresloucado, Casagemas tentou matar a sua paixão por se saber traído. Por falta de coragem em matar a sua amante, disparou sobre ele. 
Picasso, sentiu-se enlouquecer e entrou num luto profundo e deu início ao seu período azul onde há várias representações da morte , do luto e da própria morte de Casagemas. Esse luto dilui-se com o inicio do período rosa.
Sendo Picasso,  uma fonte inesgotável de estudo da psiquiatria, há quem pense que a sua forma agressiva e sádica para com as suas mulheres e amantes, tem talvez a ver com a história de Casagemas que aqui vos deixo.