segunda-feira, 3 de maio de 2010

Correm turvas as águas deste rio...


Correm turvas as águas deste rio,
Que as do céu e as do monte as enturbaram;
Os campos florescidos se secaram,
Intratável se fez o vale, e frio.

Passou o Verão, passou o ardente Estio,
Úas cousas por outras se trocaram;
Os fementidos Fados já deixaram
Do mundo o regimento, ou desvario.

Tem o tempo sua ordem já sabida;
O mundo, não; mas anda tão confuso,
Que parece que dele Deus se esquece.

Casos, opiniões, natura e uso
Fazem que nos pareça desta vida
Que não há nela mais que o que parece.


LUÍS DE CAMÕES

Mão amiga fez-me chegar este poema como forma de matar saudades e com algumas preocupações sociais...
Mandou-me partilhá-lo se o desejasse. Ele aqui está para vós ...
Tenho andado ausente das vossas "casas"por motivos maiores que um dia destes hão-de ser mais ligeiros.

Boa semana deste lindo mês que é o Maio....
(Imagem Google)