sexta-feira, 19 de abril de 2013

O Requiem para as Vítimas do Fascismo em Portugal e o pulsar religioso de Fernando Lopes- Graça. Aconteceu na nosssa tertúlia....

Ontem a Tertúlia de que faço parte aqui no meu Monte, "Às quintas no Monte", teve um orador de gabarito,José Maria Pedrosa Cardoso (clicar). Deixo-vos todo o tempo do mundo para dele saberdes mais... O tema foi o citado no título deste post.
Paixão e mestria de de Pedrosa Cardoso abriu-nos os olhos, os ouvidos e o coração.

Lopes-Graça pensou desde os anos 50, em conversa pessoal com João Freitas Branco,escrever um Requiem às vítimas do fascismo.

A confissão religiosa do seu Requiem

O convite oficial para uma obra, no seguimento da Revolução dos Cravos, motivou-o para escrever um Requiem dedicado ás vítimas do fascismo. Não deixa de haver uma subtileza religiosa na simples evocação e na homenagem aos mortos do fascismo: não tem a religião no culto dos mortos uma das suas primordiais e mais espontâneas manifestações? Mas pode-se homenagear os mortos sem escrever um Requiem. É certo que o texto litúrgico da Igreja Católica é uma excelente fonte de inspiração, ele próprio o confessa. Mas de que se trata em primeiro lugar: lembrar aqueles mortos ou musicar o texto católico? Fazer isto, não parece o mais adequado a quem tanto invectivou a Igreja e o catolicismo; aliás, Brhams, Scumann, Kurt Weil e tantos outros.

Também nas suas conversas com Mário Vieira de Carvalho, a respeito desta "confissão", diz:
«Que poderá haver de religião no meu Requiem? - pergunta você. Eu não faço grande distinção  
entre música «profana», como a não fizeram tantos dos compositores mais ilustres da História da Música. Eu não sou religioso (em que medida o eram um   Monteverdi,  um Mozart, um Beethoven, um Berlioz, um Verdi?), mas posso aceitar um texto religioso(e, sobretudo, religioso dramático, como é o Requiem) desde que ele estimule as minhas capacidades criadoras (grandes ou pequenas, não importa agora.) Não sou religioso, (repito), mas posso situar-me, como artista, numa posição religiosa ("o poeta é um fingidor"), logo que ele me não vincule a um determinado credo, a uma determinada ortodoxia, a uma determinada Igreja. Profana ou religiosa, a música do meu Requiem foi escrita com a sinceridade que ponho em tudo  o que me sai da mão - e do espírito - e tanto mais quanto a obra é dedicada às "vítimas do fascismo em Portugal", coisa que não briga, ao que julgo, com a minha militância comunista»

Aconteceu ontem, dia 18 de Abril, no Monte Estoril.
Daqui a um mês, haverá mais...