terça-feira, 6 de março de 2018

"para que queres cão se não tens pão ? " ou o fungaga da bicharada ...

   Por ser um assunto que me tem passado ao lado , a hipótese de animais de estimação poderem passar a frequentar restaurantes, por estar retida em casa há bastante tempo por questões de saúde muito antipáticas, e por predisposição na noite de ontem para ouvir Pròs e Contras , deixei-me ir até ao fim por aquele paripatético  programa.
   Gosto de animais .   Por ser neta de lavradores e possuidores de vacas leiteiras,  pelo lado paterno, sempre convivi directamente com bois, vacas, porcos galinhas, burros burritos,
Também em casa da minha avó materna, havia cães, galinhas e galos, e uma cabrinha,  que dizem, vinha chuchar no dedo grande do meu pé, quando a minha mãe me punha deitada no chão, de bela perna ao léu . (gostaria de saber se o meu prazer seria o mesma do dito animal ?).... :)
   Lembro-me do rafeiro cão "Pepsodente", que me defendia canideamente das sapatadas da minha mãe. Quantas vezes idealizei que ele me vingasse...
   Virei menina e mulher urbana . Nunca mais houve animais em casa a não ser canários e o recorrente provérbio que continuo a perfilhar, "PARA QUE QUERES CÃO SE NÃO TENS PÃO ? "

   Passaram-se os  anos e um filho surgiu . Com ele, à medida que ía crescendo, alguns animais menores foram passando cá por casa, mas a criança debitava em mim os seus cuidados. Aprendi.
Ao longo da vida privei com pessoas amantes de cães ou gatos, e donos. Relações entre estes bichos,  conheci,  que me faziam imensa confusão . Amores doentios, lutos sem fim , que superava os relacionamentos com os humanos seus familiares. A meu ver e sentir, claro. Aprendi a silenciar mas também a desconfiar e a não alimentar conversas para preservar as amizades...
Desconfiar? Sim, sim. Os donos de cães são tão cegos no amor aos seus animais, que quando se pergunta "morde?", não nunca mordem, ou então aconteceu algumas vezes, mas o bicho continua a passear-se na maior das impunidades  até á próxima dentada. 
   Exemplo. Há uns 12 anos, minha mãe passeava-se tranquilamente com amigos na Nazaré , e um cãozito veio por trás e ferrou-a.  Foi para o Centro de Saúde, os donos do bicho assumiram , e também assumiram que a ´ultima mordidela tinha sido à sogra do Dr. Juíz da Nazaré... Sei , que nunca vi ferida tão feia na vida, demorou meses a fechar  e eu tive quer ir para a Figueira cuidar da minha mãe . Os donos do bicho ainda pagaram os primeiro curativos, depois entraram em calote. Pescadores e safra ía mal.
    Não vos vou falar de pânicos que tive ao encontra-me com cães em ruas desertas por onde tinha que passar e que uma vez telefonei á policia a dizer que queria entra em casa e tinha um pastor alemão á porta. Surrealista. Mas ajudaram-me. (felizmente , esses cuidados de animais á solta a passear, tornou-se raro para os meus lados )
   Resisti ao massacre do meu filho António por volta dos seus 19 /20 anos, que dizia ir trazer um cão cá para casa , de uma raça de  que até gosto muito, Golden Retriver , com veterinário de graça e descontos na alimentação , etc ...  Uma luta. 
   Viver num andar, ir dar aulas cedo para Lisboa, ter já filho na faculdade e eu poder fazer os meus programas pós laboral, ter um cão mesmo de parceria com o António, ir leva-lo a passear de manha , cedo , e pela noite.... Não, gosto de animais ao ar livre, ou com hipótese de nele também poderem viver de parceria com os donos. 
   Também me horrorizam os dispendios com um animal  para manter a sua saúde ou pagar a sua doença . Costumava dizer.... "se ainda a ADSE comparticipasse.... " . Talvez um dia venha a acontecer pela evolução " da humanização dos animais ou vice versa.... 
  Ganhei a batalha cá em casa. Argumentos sem contraditório.
  O António andava na altura a tirar a o seu curso em Tires,  de piloto de LA (PLA) . 
  Disse-lhe : _ Ok. trazes o cão, mas leva-lo para o aeródromo , deixas o animal no carro à tua espera. As condições atmosféricas nem sempre respeitam as horas das aulas de voo. Põe-te no lugar do cão.
Remédio santo. 
Continuo a viver sozinha , não sou egoísta, de modo algum, mas é uma opção e a certeza dos custos de ter um animal . Psicológicos e materiais.
 Talvez um gatinho, um dia, para envelhecer, e que já não dê para me importar com a fase destrutiva das suas unhas felinas . Ou,  então,  um gatarrão de mãos leves e macias e unhas aparadinhas todas as semanas .