sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Bom fim de semana, e, depois não digam que não sou amiguinha... O menino dança?


E, assim nos vamos despedindo do nosso querido mês de agosto... Lembram-se?:))

" vai-te embora ó mês de agosto"...

De Erró - Peter, how did it go?

Ramalho Ortigão em “As Praias de Portugal”, parece que ainda hoje “A Figueira tem pelos seus hóspedes os (seguintes) sentimentos: suporta-os, mas não os estima . Daí a expressão que só conheço dos figueirenses e muito repetida pelo meu pai...
"vai-te embora ó mês de agosto"... Isto, quando alguma coisa desagradava ou contrariava.

Revivalismo, pois, sim senhor....


Para os amigos perdidos e achados por gatos...


Gatos abandonados num velho edifício e alimentados pelas peixeiras do mercado em frente..

Moushi tinha razão

Quando Anne Frank ouviu, nos céus de Amestredão, no Verão de 1944, o intenso ruído noturno dos bombardeiros aliados, acreditou que estaria para breve a sua saída e dos seus familiares e amigos do anexo onde viviam há dois anos. Tinha Moushi ao colo e estava apaixonada por Peter van Pels, que levara o gato para o interior do abrigo.
Tinham sido anos de grande tensão e austeridade. As palavras e os alimentos eram racionados com um rigor difícil de imaginar. O importante era conseguirem sobreviver até ao dia em que a liberdade, por fim, chegasse. Mas que dia seria esse? Em que calendário se encontrava registado?
Anne ouviu de novo o ruído dos aviões nos céus do país ocupado e quis beijar Peter. Moushi tinha ciúmes desse amor adolescente que, por vezes, o privava das carícias da menina amada.
- Quando saíres daqui levas-me contigo, não levas, Anne? – perguntou Moishi.
- Claro que te levo, vá eu para onde for, podes ficar descansado – respondeu Anne ao gato de que se tornara dona….
…. Moushi, ouvia notícias na BBC e que eram escutadas em silêncio religioso pelos adultos do anexo, tinha muitas dúvidas e muitos medos.
- Não te fies no que os teus ouvidos ouvem, Anne, porque as feras andam à solta por estas ruas. ….
…. Tudo menos ódio, Moushi, porque ódio mata mais do que as balas….
….. De todos os habitantes do anexo, só o pai sobreviveu no inferno de Auschwitz.
Moushi conseguiu fugir para a rua e nunca mais ninguém teve notícias dele. Talvez tenha morrido de tristeza meses mais tarde. Talvez ainda tenha passado alguns anos a caçar ratazanas, convicto que estava a caçar nazis e a vingar a morte da sua amada. Vá-se lá saber o que faz um gato apaixonado em horas tão terríveis com aquelas.

De Amados gatos de José J. Letria