terça-feira, 22 de maio de 2018

Morreu hoje o pintor Júlio Pomar, e com ele o pintar e poemar...

Não é para Contar uma Estória que tu Escreves

          Não é para contar uma estória que tu escreves 
e eu pinto 
nem para nos apontarem a dedo que limamos 
o bico aos pregos no avesso do mundo, nem a terra 
é o centro deste. O universo não usa 
adereços de cena 
nem liga a espelhos. Tem mais que fazer 
que nos copiar e tão-pouco ao fado pois ele é 
velho, não tem dentes, e tresanda 
ao ranço de uma açorda 
salgada e sem coentros. 


Júlio Pomar, in "TRATAdoDITOeFEITO" 

(imagem tirada do Funchal Notícias)

Lisboa nunca mais foi a mesma... Expo 98, 20 anos


"Aqueles foram tempos dos mais entusiasmantes da minha vida e por isso não tenciono ser imparcial neste texto. " (Ana Sousa Dias)
  Eu poderia dizer a mesma coisa.... Fazer uma crónica quase parecida ...
 Passava anos a fio no comboio da Linha do Norte para ir até Coimbra ou Figueira . Era aflitivo o abandono e sujidade daquela zona oriental de Lisboa. 
  Até que surgiu a ideia concreta da Expo 98. Alegria. Uma Expo. Eu que não tinha conseguido ir a Sevilha. Uma eterna "tesa" e com medo do calor.... "Estão verdes, só os cães lá podem chegar", excusava-me eu.

Dava aulas na altura na mais bela escola de Lisboa, de 1990 a 2000 . Dentro do Castelo de S. Jorge. 
Acompanhava as obras. Sempre fui uma "fiscal de obra"... CCB e mais tarde da Expo, sempre por via dos transportes para trabalhar ou trabalhar os afectos a Centro.
Conheci cedo António Costa e Fernanda Tadeu que comigo trabalhou 2 anos na minha Escola. Ele era um jovem a que eu com humor mas também conhecimento, augurava um futuro em grande, como 1º ministro ou PdaR... 
Fernanda dizia-me, "não digas isso, que o meu homem só quer ser Presidente de uma Câmara"... Esta conversa foi talvez em 1991/92. Só ainda não chegou a PR. 
Não queria acreditar que as obras estivessem prontas a 22 de Maio. Passava lá todos os meses. 
  Por ironia, quando houve uma pré inauguração, penso que a 20 de Maio, lá estava eu. António Costa em substituição de António Guterres, então 1º Ministro e acompanhado de sua Fernanda no lugar de 1 dama, fez-me sorrir ou rir a bom rir. Tenho para mim, que só não acerto , por ora , no euromilhões... E jogo. 
Foi tal o meu enamoramento pela Expo , que tirei uma assinatura permanente e sempre que podia, muitas , muitas vezes, saìa da escola, descia Alfama e apanhava o 28 para a Gare do Oriente.
Tentei andar no sentido contrário das multidões. Vi grandes, grandes espectáculos e alguns com o meu jovem filho , que tinha 19 anos na altura e ainda ía prazerosamente aos mesmos espectáculos que eu. Os mais emblemáticos. 
Eu era fascinada com os OLHAROPOS e com APEREGRINAÇÃO. OS TRABALHOS MULTIMÉDIA, deixaram-me de rastos de prazer ... Levei os meus pequenos alunos várias vezes até lá e sei que fui uma cicerone apaixonada , plena de orgulho , fascinada com os jovens que por lá trabalhavam. Não aceitava  uma opinião negativa.
Lisboa, nunca mais foi a mesma. 
  A Gare do Oriente um fascínio. Desagradável, mas eu continuo cliente de S. Apolónia...
A Expo, pode ser como Veneza.... Onde podem começam grandes amores e ir até lá também para os acabar .
Ler AQUI crónica de Ana Sousa Dias

Fotografia de minha mãe, na altura com 70 anos, e sempre vibrante.