quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Leituras breves mas profundas... ou prazenteiras

    A única noite, disse alguém, é a da insónia, a noite passada em branco. Não se guarda memória das noites dormidas. Assim é o amor: o mais inolvidável é o que nunca foi. 
   Como para a insónia, também o esquecimento existem xaropes e mezinhas. Mas são ambos remédios sem discernimento. Uns far-te-ão dormir tanto (sem sonhos e sem sono) que será como morrer. Com os outros não esquecerás ,  se os tomares, aquilo que queres esquecer: esquecerás tudo, quer tenha sido excelente ou desagradável.
   Não te revelo, pois, as minhas beberagens para o sono e para 
o esquecimento. Possuem o mesmo efeito da cicuta.


Do livro, RECEITAS DE AMOR PARA MULHERES TRISTES, de Héctor Abad Faciolince, 
colombiano

Escultura de Sérgio Pombo, que faz parte de uma exposição patente no CCC.