A única noite, disse alguém, é a da insónia, a noite passada em branco. Não se guarda memória das noites dormidas. Assim é o amor: o mais inolvidável é o que nunca foi. Como para a insónia, também o esquecimento existem xaropes e mezinhas. Mas são ambos remédios sem discernimento. Uns far-te-ão dormir tanto (sem sonhos e sem sono) que será como morrer. Com os outros não esquecerás , se os tomares, aquilo que queres esquecer: esquecerás tudo, quer tenha sido excelente ou desagradável. Não te revelo, pois, as minhas beberagens para o sono e para o esquecimento. Possuem o mesmo efeito da cicuta. Do livro, RECEITAS DE AMOR PARA MULHERES TRISTES, de Héctor Abad Faciolince, colombiano Escultura de Sérgio Pombo, que faz parte de uma exposição patente no CCC.