terça-feira, 21 de abril de 2009

As portas que Abril abriu, Ary dos Santos

O Rafael e o simbolismo da data.... Foi há 10 anos!

Sinto-me muito feliz por trazer para aqui o Rafael e se ele se visse aqui, também ia gostar!

O fotógrafo apanhou-o como quase sempre vivia , alheado, sempre longe... Já era assim nas aulas! Não era muito feliz , mas se o era seria à sua maneira.

Vivia a labuta diária de uns pais que moravam em Queluz e tinham um pequeno café na Graça.

Dormia pouco, logo aprendia de menos... Fez-me cansar muito para que atingisse os tais objectivos mínimos....

Os nossos olhares eram de uma enorme cumplicidade ,para o bem e para o mal... Mas quando o bem acontecia... como sinto saudades dos seus olhos!

Neste dia sei que até estava contente. A festa tinha sido grande e muito bonita. Meninos de nove anos a dramatizarem em teatro de sombras a história do fascismo até ao dia da revolução dos cravos! Era o 25º aniversário do 25 de Abril!

O Rafa , assim era chamado, tem hoje 19 anos! Por onde andará???

Um destes dias vou saber.

Da prisão à liberdade ,foram precisos muitos passos...










Fotografias expressamente tiradas para a revista EGOÍSTA , aonde os intervenientes se propuseram a uma comparação entre um "antes" e um "agora".



Mais uma forma de homenagear o dia da LIBERDADE !



Por João Dias Carvalho



Carlos Paredes - Verdes Anos

Em Abril ,a música e a poesia sairam à rua!





Feliz aquele que efabulou o romance
Depois de o ter vivido
A que lavrou a terra e construiu a casa
Mas fiel ao canto estridente das sereias
Amou a errância o caçador e a caçada
E sob o fulgor da noite constelada
À beira da tenda partilhou o vinho e a vida


De Sophia



"Onde estava quando se deu o 25 de Abril?"



Estou quase de abalada para uns dias diferentes que mais tarde partilharei….
È o lugar do sonho… aonde malgrée la crise… as ruas são belas para passear e estar…nos intervalos de uns roteiros culturais!
Mas…
Bem, não vou estar para comemorar, no caloroso colectivo lisboeta, os 35 anos do glorioso 25 de Abril… mas sei que por lá, onde vou estar, terei uma festinha a condizer…
Contudo, como a vida é feita de história e nós aqui vamos deixando algo de nós quase todos os dias, vou responder àquela pergunta de Baptista-Bastos.
“Aonde estava quando foi o 25 de Abril’”?
Pois eu estava, perdoem-me a expressão, “no cu de judas”… vulgo conhecido por Lugar do Paço. Ultima aldeia do distrito de Lisboa, entre Lourinhã e Peniche, onde fui colocada no meu 1º ano de serviço, como professorinha de uma escola com 42 meninos/as!
Das vidas destes meninos com vida de escola e trabalho na agricultura, não vou falar, é demasiado pesado para mim ainda hoje! Eu também era uma candidata a senhorita…e os meus alunos mais velhos tinham 14 anos e frequentavam o 2ºano de escolaridade….e por aí ficaram! Como era complicado o meu relacionamento e o desconhecimento daquela realidade… como me desenvencilhei de tal tarefa, ainda hoje estou para saber…
Vivia na casa do soba da terra, analfabeto, mas com carta de condução…. e que me conduzia religiosamente à sexta-feira à estrada , muito agarradinho ao seu Chevrolet , para apanhar o expresso para Lisboa, senão teria que fazer cinco Km a pé.
O meu dia a dia era da escola , que não tinha luz eléctrica, mas que à igreja não faltava, para casa , sem conviver, onde me deitava, lia e ouvia música num pequeno rádio portátil, PHILIPS esperando pelo dia seguinte… e fervorosamente o fim de semana!
Também era uma recém-casada… Amor à vista, só ao fim de semana que às vezes fazia antecipar para uma sexta-feira… mas sempre com medo de faltar à escola pois havia um PIDE que trabalhava no forte de Peniche e cujo filho era meu aluno… e pensava em retaliação…queixa, inspecção… eu sei lá o quê….
Todas as manhãs ouvia as notícias, mas no dia 25 , o meu companheiro PHILIPS… só tocava música de bandas militares e a voz de Luís Filipe Costa, penso que era ele, ia fazendo os avisos de acalmia e que “dentro de momentos”… haveria um comunicado… tudo estranho!
Vim para a rua. Uma aluna corre para mim, -“professora, há guerra em Lisboa… “fulanos “ , que iam para o Canadá ,voltaram porque o aeroporto estava fechado… “…
Estava a ficar maluca… Um ou dois telefonemas, pois isso era um luxo e fiz-me á estrada, seriam uns cinco quilómetros a pé até à estrada onde passaria o Expresso que hipoteticamente sairia de Peniche , apesar dos conselhos contrários e amedrontados da minha colega, eu tinha que ir para “a guerra” e o meu “amado” também por lá estava…
Eis senão quando, a meio do meu percurso, chega um “carocha” com o meu D. Quixote a salvar a sua Dulcineia, da ignorância…e do susto!
Com todos os cuidados fomos estrada fora, com entrada pela zona saloia, Mafra , onde tudo me parecia bizarro… ver soldados bem dispostos, se mi expostos nas suas chaimites e com a exibição de cravos vermelhos… e boa disposição!
Depois, foi a história que todos vivemos e que sempre recordamos ou recordaremos enquanto a nossa geração existir….
Se tiveram a paciência de chegar até aqui, grata pela partilha!
E vivam com força o dia 25 pois para o 1ª de maio já estarei para convosco estar!