Estou quase de abalada para uns dias diferentes que mais tarde partilharei….
È o lugar do sonho… aonde malgrée la crise… as ruas são belas para passear e estar…nos intervalos de uns roteiros culturais!
Mas…
Bem, não vou estar para comemorar, no caloroso colectivo lisboeta, os 35 anos do glorioso 25 de Abril… mas sei que por lá, onde vou estar, terei uma festinha a condizer…
Contudo, como a vida é feita de história e nós aqui vamos deixando algo de nós quase todos os dias, vou responder àquela pergunta de Baptista-Bastos.
“Aonde estava quando foi o 25 de Abril’”?
Pois eu estava, perdoem-me a expressão, “no cu de judas”… vulgo conhecido por Lugar do Paço. Ultima aldeia do distrito de Lisboa, entre Lourinhã e Peniche, onde fui colocada no meu 1º ano de serviço, como professorinha de uma escola com 42 meninos/as!
Das vidas destes meninos com vida de escola e trabalho na agricultura, não vou falar, é demasiado pesado para mim ainda hoje! Eu também era uma candidata a senhorita…e os meus alunos mais velhos tinham 14 anos e frequentavam o 2ºano de escolaridade….e por aí ficaram! Como era complicado o meu relacionamento e o desconhecimento daquela realidade… como me desenvencilhei de tal tarefa, ainda hoje estou para saber…
Vivia na casa do soba da terra, analfabeto, mas com carta de condução…. e que me conduzia religiosamente à sexta-feira à estrada , muito agarradinho ao seu Chevrolet , para apanhar o expresso para Lisboa, senão teria que fazer cinco Km a pé.
O meu dia a dia era da escola , que não tinha luz eléctrica, mas que à igreja não faltava, para casa , sem conviver, onde me deitava, lia e ouvia música num pequeno rádio portátil, PHILIPS esperando pelo dia seguinte… e fervorosamente o fim de semana!
Também era uma recém-casada… Amor à vista, só ao fim de semana que às vezes fazia antecipar para uma sexta-feira… mas sempre com medo de faltar à escola pois havia um PIDE que trabalhava no forte de Peniche e cujo filho era meu aluno… e pensava em retaliação…queixa, inspecção… eu sei lá o quê….
Todas as manhãs ouvia as notícias, mas no dia 25 , o meu companheiro PHILIPS… só tocava música de bandas militares e a voz de Luís Filipe Costa, penso que era ele, ia fazendo os avisos de acalmia e que “dentro de momentos”… haveria um comunicado… tudo estranho!
Vim para a rua. Uma aluna corre para mim, -“professora, há guerra em Lisboa… “fulanos “ , que iam para o Canadá ,voltaram porque o aeroporto estava fechado… “…
Estava a ficar maluca… Um ou dois telefonemas, pois isso era um luxo e fiz-me á estrada, seriam uns cinco quilómetros a pé até à estrada onde passaria o Expresso que hipoteticamente sairia de Peniche , apesar dos conselhos contrários e amedrontados da minha colega, eu tinha que ir para “a guerra” e o meu “amado” também por lá estava…
Eis senão quando, a meio do meu percurso, chega um “carocha” com o meu D. Quixote a salvar a sua Dulcineia, da ignorância…e do susto!
Com todos os cuidados fomos estrada fora, com entrada pela zona saloia, Mafra , onde tudo me parecia bizarro… ver soldados bem dispostos, se mi expostos nas suas chaimites e com a exibição de cravos vermelhos… e boa disposição!
Depois, foi a história que todos vivemos e que sempre recordamos ou recordaremos enquanto a nossa geração existir….
Se tiveram a paciência de chegar até aqui, grata pela partilha!
E vivam com força o dia 25 pois para o 1ª de maio já estarei para convosco estar!
È o lugar do sonho… aonde malgrée la crise… as ruas são belas para passear e estar…nos intervalos de uns roteiros culturais!
Mas…
Bem, não vou estar para comemorar, no caloroso colectivo lisboeta, os 35 anos do glorioso 25 de Abril… mas sei que por lá, onde vou estar, terei uma festinha a condizer…
Contudo, como a vida é feita de história e nós aqui vamos deixando algo de nós quase todos os dias, vou responder àquela pergunta de Baptista-Bastos.
“Aonde estava quando foi o 25 de Abril’”?
Pois eu estava, perdoem-me a expressão, “no cu de judas”… vulgo conhecido por Lugar do Paço. Ultima aldeia do distrito de Lisboa, entre Lourinhã e Peniche, onde fui colocada no meu 1º ano de serviço, como professorinha de uma escola com 42 meninos/as!
Das vidas destes meninos com vida de escola e trabalho na agricultura, não vou falar, é demasiado pesado para mim ainda hoje! Eu também era uma candidata a senhorita…e os meus alunos mais velhos tinham 14 anos e frequentavam o 2ºano de escolaridade….e por aí ficaram! Como era complicado o meu relacionamento e o desconhecimento daquela realidade… como me desenvencilhei de tal tarefa, ainda hoje estou para saber…
Vivia na casa do soba da terra, analfabeto, mas com carta de condução…. e que me conduzia religiosamente à sexta-feira à estrada , muito agarradinho ao seu Chevrolet , para apanhar o expresso para Lisboa, senão teria que fazer cinco Km a pé.
O meu dia a dia era da escola , que não tinha luz eléctrica, mas que à igreja não faltava, para casa , sem conviver, onde me deitava, lia e ouvia música num pequeno rádio portátil, PHILIPS esperando pelo dia seguinte… e fervorosamente o fim de semana!
Também era uma recém-casada… Amor à vista, só ao fim de semana que às vezes fazia antecipar para uma sexta-feira… mas sempre com medo de faltar à escola pois havia um PIDE que trabalhava no forte de Peniche e cujo filho era meu aluno… e pensava em retaliação…queixa, inspecção… eu sei lá o quê….
Todas as manhãs ouvia as notícias, mas no dia 25 , o meu companheiro PHILIPS… só tocava música de bandas militares e a voz de Luís Filipe Costa, penso que era ele, ia fazendo os avisos de acalmia e que “dentro de momentos”… haveria um comunicado… tudo estranho!
Vim para a rua. Uma aluna corre para mim, -“professora, há guerra em Lisboa… “fulanos “ , que iam para o Canadá ,voltaram porque o aeroporto estava fechado… “…
Estava a ficar maluca… Um ou dois telefonemas, pois isso era um luxo e fiz-me á estrada, seriam uns cinco quilómetros a pé até à estrada onde passaria o Expresso que hipoteticamente sairia de Peniche , apesar dos conselhos contrários e amedrontados da minha colega, eu tinha que ir para “a guerra” e o meu “amado” também por lá estava…
Eis senão quando, a meio do meu percurso, chega um “carocha” com o meu D. Quixote a salvar a sua Dulcineia, da ignorância…e do susto!
Com todos os cuidados fomos estrada fora, com entrada pela zona saloia, Mafra , onde tudo me parecia bizarro… ver soldados bem dispostos, se mi expostos nas suas chaimites e com a exibição de cravos vermelhos… e boa disposição!
Depois, foi a história que todos vivemos e que sempre recordamos ou recordaremos enquanto a nossa geração existir….
Se tiveram a paciência de chegar até aqui, grata pela partilha!
E vivam com força o dia 25 pois para o 1ª de maio já estarei para convosco estar!
4 comentários:
Boa viagem e boas férias...
(até ao plat pays?)
:)
Beijo
Este fica para depois (é tarde...)
Curioasamente também esbocei um post para colocar amanhã, com título semelhante, dando conta do local(is) onde me encontrava nesse dia e a vivê-los de bem perto e em cima dos acontecimentos e onde presto uma singela homenagem a José Magro. Espero que o meu pc que anda às avessas comigo me o deixe publicar, se não, tenho que ir bater a porta amiga.
Ora bem, voltei à carga ;-)
Pois gostei de ler estes retalhos da vida duma professora em pleno Abril, destacada algures pelos subúrbios :-)
A pergunta de Baptista Bastos ficou na história. Formulada de forma tão simples, encerra em si uma época histórica que virou o rumo de Portugal e 'ex colónias', onde me encontrava à data, noutras guerras do governo português...
Os militares, os cravos, e toda a euforia da revolução vivia-a em 'reprise' bem mais tarde, dado o panorama de guerra que se vivia lá pelas áfricas ori e ocidentais. Em 74 vivi outros medos, vi de perto outros chaimites sem cravos (demasiado perto), com munições a sério, e ouvi quase todos os dias às 16H a sirene do 'recolher obrigatório'. Et voilá!
Boa ausência, para onde quer que seja :-)
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