quarta-feira, 8 de dezembro de 2010






A RELATIVA ETERNIDADE

Cruzo a rua e vejo
sobre a montanha
para além da Lagoa
nuvens matinais
iluminadas
contra um céu muito azul

como na primeira manhã do mundo

(ainda que
em todos os dias do ano
quando faz sol
essa festa matinal se tenha
repetido
por séculos)

mas pouco importa:
é hoje manhã pela primeira vez

ainda que
antes de terem aqui chegado os portugueses
já ali estivessem a montanha
o céu azul
e as nuvens a se esgarcarem

quer houvesse
ou não
(como agora)
alguém para vê-los
e então me digo:
se o mundo dura tanto
e eu tão pouco
importa pouco
se ele não for eterno

De Ferreira Gullar. do livro Em alguma parte alguma, José Olympio editora
Hoje, em S. Paulo, inaugura uma exposicão retrospetiva de F. Gullar, no âmbito dos seus 80 anos. Mas... eu estou a 400 Km. Só sonho...

Para todos vós, amigos, os reais e os virtuais, que também já os há...


Quanto mais vezes venho à cidade maravilhosa..., mais vezes tenho que voltar...
Até a "limpeza"da do "alemão" deu mais ar da sua graca...

( como os meus amigos já sabem, tenho sempre incompatibilidades com este teclado... acentos e cedilhas, é um problema por resolver)