sexta-feira, 8 de março de 2013

Como sinto o dia 8 de Março....

 
                                         Fotografia de Dorothea Lange , "Mãe emigrante", 1936

Esta fotografia de uma mulher preocupada, com os seus dois filhos que escondem o rosto , tornou-se o símbolo da grande depressão americana.

Esta fotografia, tão atual, poderia representar o rosto de muitas  das nossas mulheres  na enorme depressão que este país vive.

Dia da mulher serve para  mostrar as desigualdades e sofrimento de género.

quinta-feira, 7 de março de 2013

O povo e a poesia....


Era uma vez um banqueiro

a Dona Isabel ligado.
Vive do nosso dinheiro,
mas nunca está saciado.
 
Vai daí, foi a Belém
E pediu ao presidente
que à sua Isabel também
desse um job consistente.
 
E o bom do senhor Cavaco
admitiu a senhora,
arranjando-lhe um buraco
e o cargo de consultora.
 
O banqueiro é o Fernando,
conhecido por Ulrich,
e que diz, de vez em quando,
«Quero que o povo se lixe!».
 
E o povo aguenta a fome?
«Ai aguenta, aguenta!».
E o que o povo não come
enriquece-lhe a ementa.
 
E ela, Dona Isabel,
com Cavaco por amigo.
não sabe da vida o fel
nem o que é ser sem-abrigo.
 
Cunhas, tachos, amanhanços,
regabofe à descarada.
É fartar, que nós, os tansos,
somos malta bem mandada.
 
Mas cuidado, andam no ar
murmúrios de madrugada.
E quando o povo acordar
um banqueiro não é nada.
 
É só um monte de sebo,
bolorento gabiru.
Fora do banco é um gebo,
um rei que passeia nu.
 
Cavaco, Fernando Ulrich,
Bancos, Troikas, Capital.
Mas que aliança tão fixe
a destruir Portugal!


(A propósito da nomeação da mulher de Fernando
Ulrich para assessora de Cavaco Silva. )

Recebi por mail de mão amiga. Não resisti a partilhar...






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quarta-feira, 6 de março de 2013

domingo, 3 de março de 2013

Eduardo Nery, um pintor figueirense, porque aí nasceu em 1934 - 2013





Aqui,  Poderão ver o trabalho em azulejaria de Eduardo Nery, num levantamento simbólico de Rocha se Sousa.
Portugal continua a empobrecer e a vida não se eterniza.

Março proverbial...


Bodas em Março é ser madraço.
Em Março, esperam-se as rocas e sacham-se as hortas.
Em Março, tanto durmo como faço.
Inverno de Março e seca de Abril, deixam o lavrador a pedir.
Março duvidoso, S. João farinhoso.
Março, marçagão, manhãs de Inverno e tardes de Verão.
Nasce erva em Março, ainda que lhe dêem com um maço.
Páscoa em Março, ou fome ou mortaço.
Poda-me em Janeiro, empa-me em Março e verás o que te faço.
Podar em Março é ser madraço.
Quando em Março arrulha a perdiz, ano feliz.
Quando Outubro for erveiro, Guarda para Março o palheiro.
Quando vem Março ventoso, Abril sai chuvoso.
Quem em Março come sardinha, em Agosto lhe pica a espinha.
Quem poda em Março, vindima no regaço.
Sáveis por S. Marcos (25/04), enchem-se os barcos.
Temporã é a castanha que por Março arrebenta.

sábado, 2 de março de 2013

Resumindo....




Até já, "Grândola Vila Morena"...




"É bom centrarmo-nos e, sobretudo, citando o nosso maestro Victorino de Almeida, não deixarmos que Portugal se torne numa espécie de cão abandonado que lambe as mãos do primeiro que lhe der qualquer coisa para comer. Merecemos ser muito mais que isso, haja dignidade, coragem, inteligência e solidariedade de facto. Isto está só a começar, o rumo da locomotiva está nas nossas mãos", lê-se.

Sei, que o Rafael hoje com 23 anos de idade, está  DESEMPREGADO. 
Finalmente, soube deste meu aluno, do Paulo Renato, da Xana e outros mais. 
Desempregados. Não imaginávamos esta situação quando na freguesia  do Castelo comemorávamos os 25 anos da Revolução dos Cravos.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Um poema que não me saiu da cabeça...



Há uma água lustral e sôfrega de sal
que inunda este país baixo
das canções de Brel, ninho de eurocratas
que desenham a Europa com régua e esquadro
e a vendem na moeda única, última,
da sua ignorância de quase tudo. Pobres
de nós, europeus da palavra que amotina
mesmo quando parece unir e pacificar.
Pobres de nós que somos irmãos cúmplices
de Emile Verhaeren, filho de Ankers,
de Rimbaud e de Verlaine matando-se
de paixão e desconsolo num quarto de aluguer,
de Baudelaire pondo-se ao abrigo
dos detractores, dos credores, dos medíocres,
de Huysmans buscando editor atrevido
para uma obra sem mercado,
de Victor Hugo, disfarçado de senhor respeitável,
evadindo-se de um Paris em tumulto.
Acorda agora,  Bruxelas, para esta memória
que não se vende nem se compra
na moeda única dos teus cálculos de deve
e haver. País baixo é o que se agacha
ante o esquecimento. Convoca de novo os poetas
 e dá-lhes as cadeiras sem história
dos teus diligentes e euroviajantes deputados.
A poesia, podes crer, é outra coisa. É outro mundo.

José Jorge Letria. "Amotinando poetas em Bruxelas", do livro ONDE SE LÊ EUROPA
Este poema veio no Expresso de 23 de Fevereiro de 2013

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

"Roubar o presente", as palavras dos outros... José Gil



  1. "Nunca uma situação se desenhou assim para o povo português: não ter futuro, não ter perspetivas... de vida social, cultural, económica, e não ter passado porque nem as competências nem a experiência adquiridas contam já para construir uma vida. Se perdemos o tempo da formação e o da esperança foi porque fomos desapossados do nosso presente. Temos apenas, em nós e diante de nós, um buraco negro.
    O «empobrecimento» significa não ter aonde construir um fio de vida, porque se nos tirou o solo do presente que sustenta a existência. O passado de nada serve e o futuro entupiu.
    O poder destrói o presente individual e coletivo de duas maneiras: sobrecarregando o sujeito de trabalho, de tarefas inadiáveis, preenchendo totalmente o tempo diário com obrigações laborais; ou retirando-lhe todo o trabalho, a capacidade de iniciativa, a possibilidade de investir, empreender, criar. Esmagando-o com horários de trabalho sobre-humanos ou reduzindo a zero o seu trabalho.
    O Governo utiliza as duas maneiras com a sua política de austeridade obsessiva: por exemplo, mata os professores com horas suplementares, imperativos burocráticos excessivos e incessantes: stresse, depressões, patologias border-/ine enchem os gabinetes dos psiquiatras que os acolhem. É o massacre dos professores. Em exemplo contrário, com os aumentos de impostos, do desemprego, das falências, a política do Governo rouba o presente de trabalho (e de vida) aos portugueses (sobretudo jovens).
    O presente não é uma dimensão abstrata do tempo, mas o que permite a consistência do movimento no fluir da vida. O que permite o encontro e a intensificação das forças vivas do passado e do futuro - para que possam irradiar no presente em múltiplas direções. Tiraram-nos os meios desse encontro, desapossaram-nos do que torna possível a afirmação da nossa presença no presente do espaço público.
    Atualmente, as pessoas escondem-se, exilam-se, desaparecem enquanto seres sociais. O empobrecimento sistemático da sociedade está a produzir uma estranha atomização da população: não é já o «cada um por si», porque nada existe no horizonte do «por si». A sociabilidade esboroa-se aceleradamente, as famílias dispersam-se, fecham-se em si, e para o português o «outro» deixou de povoar os seus sonhos - porque a textura de que são feitos os sonhos está a esfarrapar-se. Não há tempo (real e mental) para o convivio. A solidariedade efetiva não chega para retecer o laço social perdido. O Governo não só está a desmantelar o Estado social, como está a destruir a sociedade civil.
    Um fenómeno, propriamente terrível, está a formar-se: enquanto o buraco negro do presente engole vidas e se quebram os laços que nos ligam às coisas e aos seres, estes continuam lá, os prédios, os carros, as instituições, a sociedade. Apenas as correntes de vida que a eles nos uniam se romperam. Não pertenço já a esse mundo que permanece, mas sem uma parte de mim. O português foi expulso do seu próprio espaço continuando, paradoxalmente, a ocupá-lo. Como um zombie: deixei de ter substância, vida, estou no limite das minhas forças - em vias de me transformar num ser espetral. Sou dois: o que cumpre as ordens automaticamente e o que busca ainda uma réstia de vida para os seus, para os filhos, para si.
    Sem presente, os portugueses estão a tornar-se os fantasmas de si mesmos, à procura de reaver a pura vida biológica ameaçada, de que se ausentou toda a dimensão espiritual. É a maior humilhação, a fantomatização em massa do povo português. Este Governo transforma-nos em espantalhos, humilha-nos, paralisa-nos, desapropria-nos do nosso poder de ação. É este que devemos, antes de tudo, recuperar, se queremos conquistar a nossa potência própria e o nosso paí
    s."


    In Visão de 21/02/013