terça-feira, 2 de abril de 2013

As palavras dos outros...


Há coisas que me têm de explicar muito devagarinho, a ver se eu entendo. Parece que há uma lei de 2007 que diz que um espião com mais de seis anos de casa tem emprego assegurado o resto da vida. Faça o que fizer? Perguntar-se-á - parece que sim.
Em função dessa lei, o espião Jorge Silva Carvalho foi agora reintegrado na presidência do Conselho de Ministros, com direito a assinatura de Passos Coelho e Vítor Gaspar e com o salário base que auferia quando era diretor do SIS. Para fazer o quê? Ah! Bom isso não sabemos, porque ainda ninguém sabe o que pode lá fazer o espião (embora ideias não me faltem).
Pronto a notícia está arrumada. A Lei é lei que se há de fazer? Etc. e tal.
Mas espera aí! Não foi este Governo que anunciou que vão uma série de funcionários para a rua?
Mas espera aí: Não é este o funcionário exemplar que está acusado de abuso de poder, violação de segredo de Estado e acesso indevido a dados pessoais? O tal que espiou um jornalista, deu informações privilegiadas a uma empresa e chegou a mandar espiar a ex-mulher de um amigo?
Mas espera aí! Não foi este mesmo Jorge Silva Carvalho que se demitiu das secretas em Novembro de 2010, nas vésperas de uma cimeira da NATO em Portugal, por discordar do corte de verbas?
Mas espera aí! Não foi este o espião que depois arranjou emprego no Conselho de Administração de uma, então prospérrima empresa privada que ia comprar meio mundo (e ao serviço da qual, suspeita-se, colocou os seus dotes de espião)?
Não deve ser. Deve ser outro Jorge Silva Carvalho. Porque se fosse o mesmo - e estando o Governo a meter funcionários na rua - começaria por este. Que já se demitiu! Que quis mudar de vida. Que passou do Estado para a privada por vontade própria! Que é arguido por ter prejudicado o próprio Estado. 
Deve ser outro, porque o Governo não é assim tão escrupuloso na lei, quando se trata de pensionistas, reformados, assalariados, desempregados, pessoas - digamos - normais.
Deve ser outro, porque este era amigo do dr. Relvas e o dr. Passos Coelho, como se sabe, não beneficia os amigos nem os amigos dos amigos, nem sequer os amigos dos amigos dos amigos.
Mas nem vale a pena fazer comentários. George Orwell, no seu magnífico livro 'O Triunfo dos Porcos' (em inglês Animal's Farm) escreve a célebre frase: "Todos somos iguais, mas alguns são mais iguais do que outros". Parece que os porcos não triunfaram só na quinta imaginada por Orwell.

De Henrique Monteiro, Expresso, 2013




segunda-feira, 1 de abril de 2013

Porque mentir é feio, muito feio, vamos lá a coisas reais...


 “Nem tu, velha carcaça, escaparás…”

As fotografias do João Viana, Figueira da Foz, 2013, Março

A novidade do 1º de abril..". O Inaniloquente"

Um blogue que promete dar que falar e pensar...

Acabou de nascer pela mão de Luís Monteiro com um naipe de convidados de alto gabarito. Ver para crer...

Registai, pois . O Inaniloquente

sábado, 30 de março de 2013

As palavras dos outros... Ouro sobre azul

É tão bonita a prosa poética que Eufrázio Filipe colocou no seu Mar Arável , tocou-me no fundo das minhas memórias afetivas de criança e na saudade de um homem muito bom, o meu avô António, que tinha marinhas de sal e as trabalhava de sol a sol. Impossível deixar de partilhar como outros amigos o fizeram.

Fotografias de Pedro Cruz, jovem figueirense. 
As fotos são concerteza as salinas da Figueira, local de Murraceira.

sexta-feira, 29 de março de 2013

quinta-feira, 28 de março de 2013

Imagens de ouro...

Pouco a pouco, os gatos tornam-se a alma da casa.

JEAN COCTEAU

Gostava de escrever tão misteriosamente como um gato, diz Edgar Allan Poe.
Eu, além de "escrever", gostava de dormir como um gato...



quarta-feira, 27 de março de 2013

Partilhar o poeta ...



Aqui, nesta casa que é o livro, mora uma valiosa obra poética.
Há, pelos espaços que chamamos páginas, um corpo próprio. Nele é possível fazer a caminhada e decifrar cada mensagem. Ler poesia. Sentir o Poeta. Nele é possível sentir o coração, respirar em plenos pulmões e saborear o momento com a leitura desta fluente poesia. Aqui, nesta casa das letras, mora um testemunho já disperso por vários livros, que, agora, se une para brindar cada leitor e guardar no tempo um grande nome da actual poesia portuguesa: Eufrázio Filipe. 
(sinopse)
O editor Paulo Afonso Ramos



Eufrázio, tem uma outra casa de poesia, Mar Arável. Aqui mergulhamos em ondas de amor e desamor,marés e maresias, à espera do próximo mergulho.

terça-feira, 26 de março de 2013

Dia Mundial do Teatro inclinei-me para a saudade de Mário Viegas

Sem palavras. Porque as palavras ditas são as de Mário Viegas.
Para ouvir com ou sem chuva... Sempre!

Não há dinheiro que compre o sol do sul da Europa... Mas, a inveja, poderá ajudar a não o saborear da mesma maneira...

Ontem, no jornal "i" um articulista , escreveu um artigo com o título de "Insensatez"a propósito das palavras tontas do tal holandês que dirige o Eurogrupo. O artigo em questão bem podia servir as palavras do "louco" W. Schauble...(aqui)
..." Mais inquietante ainda é perceber que gente "desequilibrada", digamos assim, continua a ser escolhida para governar apesar das suas características psicológicas e das suas falhas morais ou afectivas. Se há casos insondáveis ou imprevisíveis dos quais as sociedades não podem proteger-se antecipadamente, como explica aqueles outros casos em que as próprias sociedades não podem proteger-se antecipadamente, como explicar aqueles outros casos em que as próprias sociedades decidem atribuir poder a alguém que sabem de antemão ser "loucos" ou "original" (como diziam no séc. XIX)? Esse é, desde o tempo de Hitler, um dos grandes temas e mistérios da História Ocidental recente. Essa História avisa-nos insistentemente dos riscos que corremos ao entregar os lugares de decisão a certo tipo de pessoas. E, no entanto, a figura do "louco" investido de poder político continua a estar muito presente na nossa vida quotidiana."....

segunda-feira, 25 de março de 2013

Gesticulando....

Só nos Pertence o Gesto que FizemosSó nos pertence o gesto que fizemos 
não o fazê-lo como, iludida, 
a divindade que em nós já trouxemos 
supõe errada (e não) por convencida. 

Porque o traçado nosso em breve cessa, 
para que outro o recomece e não progrida; 
que um gesto em ser gesto real se meça, 
não está em nós fazê-lo, mas na Vida. 

Assim o nada a sagra quando finda 
porque o que é, só é o não ainda. 

Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1'

Um gesto, uma posição. um estar... O desespero...

«Tenho toda a espécie de estudos de cavadores, de semeadores, homens e mulheres. De momento 
trabalho muito no desenho a carvão e a lápis Conté ; experimentei igualmente  a sépia e a aguarela. Enfim , não posso dizer-lhe se vai achar progressos nos meus desenhos, mas neles descobrirá mudanças, seguramente. » Vincent sabe que está a fazer progressos. Mas esses mesmos progressos  provocam  dúvidas.
Depois de anos de dúvidas, de exílios, de fracassos, Vincent começa a reconhecer-se, pela primeiríssimo vez na sua vida. 

Durante muito tempo, Vincent não pinta retratos; pinta apenas aquilo a que chama" figuras": homens e mulheres que não posam pelos seus traços, mas sim por um gesto, uma atitude...
Este Velho a Chorar (1882) não é um retrato. Se retrato há, é o desespero que posa...

Conversas de Vincent com G. A. Van Rappard, com que partilhou a paixão pela pintura.