sábado, 8 de agosto de 2009

Solnado, tal como " o palhaço António, deixáva-nos um sorriso aos pés da escada"

Jamais o esqueceremos !1929 -2009


"Morremos a lutar para nascer. Nunca fomos, nunca somos. Estamos sempre na contingência de vir a ser, separados, desligados sempre. Sempre do lado de fora. (...) Um dia destes, falando com pintor meu conhecido acerca das figuras que Seurat nos deixou, afirmei-lhe que elas se encontravam enraizadas ali mesmo onde ele lhes deu vida - na eternidade. Como me sinto grato por ter vivido com estas figuras de Seurat - na « Grande Jatte», no «Médrano» e fosse onde fosse, em espírito! Não há absolutamente nada de ilusório à volta destas suas criações, cuja realidade é imperecível. Vivem na luz do sol, na harmonia da forma e do ritmo que é melodia pura. E também, de facto, com os palhaços de Rouault, os anjos de Chagall, a escada e a lua de Miró, e todo o seu «zoo» ambulante. Assim também com Max Jacob, que nunca deixou de ser um palhaço - mesmo depois de ter encontrado Deus. Pelo verbo, pela imagem, pelo acto, todas estas abençoadas almas que me fizeram companhia testemunharam e eterna realidade da sua visão. Será nosso, um dia, o seu mundo quotidiano. De facto já é nosso - simplesmente, estamos demasiado empobrecidos para lhe reivindicar a propriedade"


Henry Miller, in Um Sorriso aos pés da Escada :

2 comentários:

Maria disse...

Faz parte da minha (nossa) juventude.
Fica na História do Teatro e do Cinema deste país.

Um beijo

joos119 disse...

Não vai ser possivel esquece-lo.
Obrigado pelo seu belo texto.
Bj