quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Constatações... Vida





Ontem, quando vinha de Lisboa no meu transporte de eleição, o comboio, sentou-se ao meu lado uma jovem mãe, que partilhava com uma amiga e exibia, o material escolar que tinha para a sua filhota que vai entrar este ano para o 1º ano.
Paulatinamente ia tirando o material que iria fazer o regalo da criança e eu olhando com vontade enorme de intervir…
Canetas de feltro grossíssimas e outras aquisições para manipular e poder dar iniciação à escrita, tudo cheio de bonecos e extremidades com sabores a frutos. Duas enormes afiadeiras , vulgo apara-lápis, um , uma enorme joaninha e outro , um coração.
E, veio-me à memória, os tempos de trabalho e de meninos que com aquisições topo de gama e desadequados ergonómicamente e pedagogicamente, distraíam as crianças, ocupavam espaço em excesso nas carteiras e o trabalho do professor torna-se desgastante com as regras que tem que incutir nas crianças e pais e com que dificuldade, pois o dinheiro estava gasto.
Atenção, normalmente as escolas no ato da matrícula dão uma lista de material, simples e em conta.
Há semanas fui visitar uma prima neta com 6 meses. A mãe deliciada com o seu 1º filho exibia com encanto, o mesmo com que o seu poder de compra lhe o permitiu, os objetos de decoração e hipoteticamente com alguma utilidade no futuro ainda longínquo….
Dei comigo a pensar que as mães, jovens, como fui também, parece comprarem as coisas em função de si mesmas e não das crianças.
Fui uma mãe minimal nas aquisições que fiz ao longo da vida. Deu frutos.
Brinquei com bonecas, fazia bonecas de tudo, de uma espiga de uma pedra, enfim, dava força anímica ao que estava ausente de ter “vida”.
Lá para Outubro choram e reclamam o dinheiro gasto com a escola, material escolar, e, continuarão a chorar, pois os tempos são mesmo “minimais…”


( Imagens do google)

3 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Super-minimais, Anamar! Gostei muito de ler este seu importante apontamento. É que há, realmente, tanto desperdício! Eu gosto de um arzinho de fantasia, mas também ele minimal :) E, nesta matéria, como noutras, o mais importante faz-se com apenas alguns objectos essenciais. No entanto, descobri-lo, às vezes, demora...

Beijinhos e bom Agosto (ameno, ele tem sido...).

anamar disse...

Obrigada, Ana Paula...
Vamo-nos vendo por aí..
Bom agosto, também... que o setembro chega depressa.
Ana

mario disse...

Em vez de a fazer despertar, compra-se feita, a imaginação.

Nas suas brincadeiras,os meus gatos têm-me mostrado como os melhores brinquedos são os que se criam na mente. Uma simples migalha de pão transforma-se num animal mágico, que dá luta, motiva piruetas, emboscadas, correrias loucas.
Para eles a "coisa" é o meio que transporta até ao sonho.
O que sonhar quando o sonho se esgota na "coisa" ?
Bjs
Clemente