terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

"Amados Gatos", gatos amados...

O SOFRIMENTO  e a solidão de Théophile Gautier, já no final da vida, foram amenizados pela gata Éponine, de pêlo negro e olhos verdes, que ele achava mesmo capaz de caçar, com os certeiros movimentos das patas, as ideias que, já desencantado e triste, depois se encarregava de passar ao papel.
Quando se encontrava mais sorumbático e deprimido, o autor de Capitaine Fracasse, grande amigo de Victor Hugo, como ele um apaixonado pelos gatos, passava horas a acariciar o pêlo macio da sua companheira de todas as horas, da qual não admitia que nem a morte o separasse.
Mas o amor por Éponine não apagou a lembrança sempre presente de Séraphita, a sua primeira gata, de pêlo amarelo e branco, que se tornava irresistível com a sua vaidade e com o se gosto por perfumes caros.
Como no amor pelas pessoas queridas, Théophile Gautier sabia que ninguém ocupa o lugar de ninguém, podendo sempre coabitar as recordações  mais duradouras.
O bem que as suas gatas lhe faziam passava pela sua presença junto dele enquanto escrevia, e pelo modo como o ajudavam, através do magnetismo de uma comunicação secreta,  a arrumar ideias e a passá-las  ao papel.
Um dia, disse:
- Não existem carinho e dedicação maiores que os das gatas. Ignoro o que seria de mim sem elas.
Tanto Séraphita como Éponine gostavam de o acompanhar nos passeios que dava pelo jardim para encontrar paz e alento para continuar a escrever.
Pensa-se em casos como o seu, e é-se forçado a concluir que ficam sempre inacabadas as estátuas que omitem os gatos amados por aqueles que a pedra o o bronze pretendem homenagear e perpetuar .

In, Amados Gatos, de José Jorge Letria

7 comentários:

salvoconduto disse...

Posso não comentar mas passo com frequência. Gata, gata, só a Tareca de há cinquenta anos atrás, embora a gata da vizinha esteja sempre a aparecer à procura da carícia da minha mão e da língua do Boss, o Labrador cá de casa, juro que é bonita mas não substitui a Tareca.

Justine disse...

Como eu te entendo, Théophile, meu irmão no amor pelos gatos!

mario disse...

Nenhum gato/a que se vá da vida é substituível pelo que adoptarmos para lhe suprir o vazio. Cada um é só ele próprio. O que se vai deixa-nos a memória do que foi e a falta que nos faz. Sem volta a dar-lhe.

mfc disse...

Há sempre pelo menos um bicho na vida das pessoas boas!

jrd disse...

E eu, que sou mais "cão", gostei muito deste poste.
:)

anamar disse...

Meus amigos,
este post, que já não é o 1º dedicado aos amados gatos, foi dedicado ao meu amigo "Mário", qe perdeu um bichano de estimação...
:))
Abracinhios a todos.

Manuela Freitas disse...

Devido a uma paixão assolapada por um cão que morreu, acabei por me virar para uma gata...preferindo cães, comecei a apreciar gatos, muito mais tranquílos, muito mais independentes...depois à gata juntou-se um gato, porque não tinha para onde ir! O contacto com animais é importante na minha vida!
Beijinhosssss Ana