quinta-feira, 11 de abril de 2013

Que mundo mais imperfeito... num texto onde tudo encaixa na perfeição



  • EUROCORRUPÇÃO
    Crise e corrupção andam a par na Europa, o que não acontece por coincidência. São almas gémeas, ambas têm carreiras brilhantes na arte de fazer empobrecer os pobres e enriquecer os ricos.
    Se a crise é fruto da ditadura do dinheiro, também a corrupção dela se alimenta com uma voracidade diretamente proporcional ao vigor da economia de casino.
    Não há um dia europeu sem os seus casos de corrupção nas áreas financeiras e de poder, dados a conhecer por jornalistas que ainda não se renderam aos cantos de sereia dos centros de decisão ou têm a coragem de arriscar as carreiras honrando uma profissão que tem sido tão desprestigiada. E cada um desses dias é uma pincelada num quadro trágico em que sobre os escombros provocados pelo terramoto da austeridade pairam os espectros de manigâncias que instauraram o latrocínio como regime de gestão e de poder.
    Supondo-se que a corrupção é uma atividade desenvolvida preferencialmente em segredo, a abundância de casos conhecidos leva-nos a deduzir, sem receio de cometer injustiças, que o conhecimento da situação não vai além da ponta do icebergue. Mesmo assim, durante os últimos dias o ministro francês das Finanças demitiu-se porque fugiu ao fisco, um super ministro português abandonou o governo por manipulação das habilitações académicas, o partido que dirige Espanha mergulhou num escândalo de financiamentos ilegais entregues por empresas e empresários, uma filha do rei espanhol ficou a contas com a justiça por alegado envolvimento no roubo de dinheiros públicos pelo marido, o presidente da Comissão Europeia enterra-se cada vez mais no problema da demissão de um dos seus comissários por causa de supostos favores a lobbies tabaqueiros, centenas de empresas europeias, entre as quais alguns grandes e impolutos bancos, estão a ser denunciadas por um consócio de jornalistas porque fogem aos impostos através de paraísos fiscais. Contas por alto dizem-nos que numa Europa em crise, com dezenas de milhões de desempregados e de pobres, com níveis asfixiantes de impostos oprimindo os cidadãos, 250 mil milhões de euros fogem por ano aos cofres dos Estados. Dizem-nos ainda que um terço da potencial coleta fiscal europeia vai para o paraíso. A corrupção está na razão direta da decadência ética, da imoralidade financeira galopante e do aviltamento da política que atacam a Europa neoliberal.
    Ora o cidadão comum não consegue escapar à cada vez mais apertada e informatizada malha do fisco e, quando o faz, a soma não passa de trocos necessários para desenrascar situações de aperto. O cidadão comum não tem iates, mansões espalhadas pelo planeta, aviões particulares, fabulosas coleções de quatros, frotas motorizadas de luxo. O contribuinte comum não tem condições para recorrer ao todo poderoso Deutsche Bank, o maior banco alemão e um ai Jesus da Srªa Merkel, para que lhe acondicione os bens nas Ilhas Caimão ou nas Ilhas Virgens, como fazem mais de 300 empresas germânicas
    A corrupção é como a crise. Medram juntas e são sempre os mesmos que delas tiram proveito.

    Texto de José Goulão , lido e partilhado no seu mural do FB.
  • 1 comentário:

    jrd disse...

    Infelizmente a "expressão" Euro vai sendo prefixo de muita coisa má.