quinta-feira, 31 de outubro de 2013
mês findo...
A uma oliveira
Muito antes de Os Lusíadas diz-se que já aqui estavas.
Pré-camoniana,
sazão a sazão,
foste varejada séculos a fio.
O pinho viajou.
Tu ficaste.
Ao som bárbaro de um rádio de pilhas,
desdobram toalhas
na tua sombra rala.
De Alexandre O' Neill, em A saca das Orelhas, editora Sá da Costa
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
hoje também, José, dia admirável, mas... se soubesses que 1 em cada 10 portugueses são muito pobres em pleno séc. XXI, o que dirias?
30 de Outubro de 1965
Albarraque. dia admirável em que não apetece pensar nem sentir... Mas apenas dourar a preguiça ao sol.
José Gomes Ferreira, em Passos Efémeros
30 de outubro de 2013
Também eu ,pensando no admirável dia de hoje , pelo tempo que faz e porque há momentos de ouro, plenos de boas memórias, mesmo numa cozinha, com vista de serra, dei comigo a adoçar a vida . Tempo de marmelos e marmelada.
(tardiamente emendei o verbo do título, que estava no passado... Desculpem lá... Presente e mais do que presente do indicativo.)
terça-feira, 29 de outubro de 2013
contra ventos e marés... caminha-se
Este caminho
Ninguém já o percorre,
Salvo o crepúsculo.
De que árvore florida
Chega? Não sei.
Mas é seu perfume.
Poema Haiku Japonês
domingo, 27 de outubro de 2013
Lou Reed, entre o aqui e o que foi...
Conversa a dois absolutamente deliciosa...
Presença de Lou Reed em 2010 no Estoril, festival de cinema e a sua exposição de fotografia de efeitos especiais.
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
leituras breves no dia de hoje...
"Tenho muitas vezes a sensação de não pertença. Percebo de que de facto só pertenço aos meus pensamentos.
Pertencemos aos nossos pensamentos. Para escaparmos do que somos temos de pensar de outra maneira, mas não temos controle em muito do que pensamos. Estamos condenados ao que somos capazes de pensar.
E só não digo que somos os nossos pensamentos porque também existe o corpo. O corpo também nos individualiza. E parece existir de forma independente do pensamento. Autónomo. É misteriosa a forma como corpo e pensamento se entendem ou desentendem, como convivem ou negoceiam. Também pertencemos ao nosso corpo. "
Excerto de conto de Dulce Maria Cardoso, EM BUSCA D´EUS DESCONHECIDOS, in revista Granta, nº1, pág. 18
A Sesta, de Van gogh
Pertencemos aos nossos pensamentos. Para escaparmos do que somos temos de pensar de outra maneira, mas não temos controle em muito do que pensamos. Estamos condenados ao que somos capazes de pensar.
E só não digo que somos os nossos pensamentos porque também existe o corpo. O corpo também nos individualiza. E parece existir de forma independente do pensamento. Autónomo. É misteriosa a forma como corpo e pensamento se entendem ou desentendem, como convivem ou negoceiam. Também pertencemos ao nosso corpo. "
Excerto de conto de Dulce Maria Cardoso, EM BUSCA D´EUS DESCONHECIDOS, in revista Granta, nº1, pág. 18
A Sesta, de Van gogh
terça-feira, 22 de outubro de 2013
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Leituras breves... «Os Josés»...
21 de outubro de 1965
Na República 17 de Outubro o Alberto e eu éramos alternadamente eleitos Presidentes... Numa das ocasiões em que eu chefiava o o Estado, aproveitei a ausência do Alberto em férias e zás, proclamei-me Ditador... Até mandei cunhar moedas especiais: os «Josés»!!!
O poder, mesmo teórico, apodrece as almas e as convicções! (Nessa altura eu era romanticamente republicano à Victor Hugo.)
Os «Josés»... Coro de vergonha atrasada.
José Gomes Ferreira, em Dias Comuns-1
Na República 17 de Outubro o Alberto e eu éramos alternadamente eleitos Presidentes... Numa das ocasiões em que eu chefiava o o Estado, aproveitei a ausência do Alberto em férias e zás, proclamei-me Ditador... Até mandei cunhar moedas especiais: os «Josés»!!!
O poder, mesmo teórico, apodrece as almas e as convicções! (Nessa altura eu era romanticamente republicano à Victor Hugo.)
Os «Josés»... Coro de vergonha atrasada.
José Gomes Ferreira, em Dias Comuns-1
domingo, 20 de outubro de 2013
sábado, 19 de outubro de 2013
Bom fim de semana...
A ANUNCIAÇÃO
Virgem! filha minha
De onde vens assim
Tão suja de terra
Cheirando a jasmim
A saia com mancha
De flor carmesim
E os brincos da orelha
Fazendo tlintlin?
Minha mãe querida
Venho do jardim
Onde a olhar o céu
Fui, adormeci.
Quando despertei
Cheirava a jasmim
Que um anjo esfolhava
Por cima de mim...
Vinicius de Moraes
Pintura de Paula Rego
Virgem! filha minha
De onde vens assim
Tão suja de terra
Cheirando a jasmim
A saia com mancha
De flor carmesim
E os brincos da orelha
Fazendo tlintlin?
Minha mãe querida
Venho do jardim
Onde a olhar o céu
Fui, adormeci.
Quando despertei
Cheirava a jasmim
Que um anjo esfolhava
Por cima de mim...
Vinicius de Moraes
Pintura de Paula Rego
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
O meu olhar de hoje...
A montanha pariu um" rato" ou a minha enorme falta de imaginação...
Há dias assim, mas também não apetece ficar quieta...
Pintura de E. Hopper
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Olhares... Leituras breves
Fotografia tirada há 2 anos em Vila Real. Idosa com 73 anos
.Escravo de Si Mesmo
A suposição de que a identidade de uma pessoa transcende, em grandeza e importância, tudo o que ela possa fazer ou produzir é um elemento indispensável da dignidade humana. (...) Só os vulgares consentirão em atribuir a sua dignidade ao que fizeram; em virtude dessa condescendência serão «escravos e prisioneiros» das suas próprias faculdades e descobrirão, caso lhes reste algo mais que mera vaidade estulta, que ser escravo e prisioneiro de si mesmo é tão ou mais amargo e humilhante que ser escravo de outrem.
terça-feira, 15 de outubro de 2013
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
"Preguiça", numa enorme solidão...
Esta pequena estátua, que esteve ao recato do nosso olhar, sabe-se lá por onde..., regressou ao nosso olhar, ao olhar dos figueirenses... Pela mão de OUTRA MARGEM, vamos saber mais qualquer coisa da dita quase desdita escultura e de quem a esculpiu.
Fotografia de Fausto Viana
Fotografia de Fausto Viana
domingo, 13 de outubro de 2013
Leituras breves.Olhares. José Gomes Ferreira. Sub ou sobrevalorizado....?
13 de outubro de 1965
Releitura de Cesário, antes de me entregar ao imbecil trabalho de todos os dias:
Se eu não morresse nunca! E eternamente
buscasse e conseguisse a perfeição das coisas.
Das coisas - notem bem - que depois, por sua vez, talvez aperfeiçoassem o Homem.
Fotografias tiradas em Monserrate, Sintra.
Excerto de texo de José Gomes Ferreira, em Dias Comuns -1
Releitura de Cesário, antes de me entregar ao imbecil trabalho de todos os dias:
Se eu não morresse nunca! E eternamente
buscasse e conseguisse a perfeição das coisas.
Das coisas - notem bem - que depois, por sua vez, talvez aperfeiçoassem o Homem.
Fotografias tiradas em Monserrate, Sintra.
Excerto de texo de José Gomes Ferreira, em Dias Comuns -1
sábado, 12 de outubro de 2013
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Para presentinho , se for caso disso... Nobel da Literatura 2013
Uma poeta, na sua primeira festa literária em território inóspito, é resgatada por um colunista de jornal, acabando por partir numa incursão pelo continente que a leva a um inesperado encontro. Um jovem soldado, ao regressar da Segunda Guerra Mundial para os braços da sua noiva, sai na estação de comboio anterior à sua, encontrando numa quinta uma mulher com quem começa nova vida. Uma jovem mantém um caso com um advogado casado, contratado pelo seu pai para gerir os seus bens. Quando é descoberta, encontra uma forma surpreendente de lidar com a chantagista. Uma rapariga que sofre de insónias imagina, noite após noite, que assassina a irmã mais nova. Uma mãe resgata a sua filha no exacto momento em que uma mulher tresloucada invade o seu quintal. «Quem é capaz de dizer a um poeta a coisa perfeita acerca da sua poesia? E sem uma palavra a mais ou a menos, apenas o suficiente.»Alice Munro, «Dolly», in "Amada Vida" **
** Não conhecia Alice Munro, ficou o desejo....
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
De Bruges para Portugal.... ou a repetição da História , ou seremos mesmo assim, nem tanto ou ainda piores...
No fundo, bem no fundo, nestas questões nada parece ter mudado muito desde 1426...
Carta enviada de Bruges, pelo Infante D. Pedro a D. Duarte, em 1426, resumo feito por Robert Ricard e constante do seu estudo «L’Infant D. Pedro de Portugal et “O Livro da Virtuosa Bemfeitoria”», in Bulletin des Études Portugaises, do Institut Français au Portugal, Nova série, tomo XVII, 1953, pp. 10-11).
"O governo do Estado deve basear-se nas quatro virtudes cardeais e, sob esse ponto de vista, a situação de Portugal não é satisfatória. A força reside em parte na população; é pois preciso evitar o despovoamento, diminuindo os tributos que pesam sobre o povo. Impõem-se medidas que travem a diminuição do número de cavalos e de armas. É preciso assegurar um salário fixo e decente aos coudéis, a fim de se evitarem os abusos que eles cometem para assegurar a sua subsistência. É necessário igualmente diminuir o número de dias de trabalho gratuito que o povo tem de assegurar, e agir de tal forma que o reino se abasteça suficientemente de víveres e de armas; uma viagem de inspeção, atenta a estes aspetos, deveria na realidade fazer-se de dois em dois anos. A justiça só parece reinar em Portugal no coração do Rei [D. João I] e de D. Duarte; e dá ideia que de lá não sai, porque se assim não fosse aqueles que têm por encargo administrá-la comportar-se-iam mais honestamente. A justiça deve dar a cada qual aquilo que lhe é devido, e dar-lho sem delonga. É principalmente deste último ponto de vista que as coisas deixam a desejar: o grande mal está na lentidão da justiça. Quanto à temperança, devemos confiar sobretudo na ação do clero, mas ele [o Infante D. Pedro] tem a impressão de que a situação em Portugal é melhor do que a dos países estrangeiros que visitou. Enfim, um dos erros que lesam a prudência é o número exagerado das pessoas que fazem parte da casa do Rei e da dos príncipes. De onde decorrem as despesas exageradas que recaem sobre o povo, sob a forma de impostos e de requisições de animais. Acresce que toda a gente ambiciona viver na Corte, sem outra forma de ofício."
Texto chegado via email por mão amiga
terça-feira, 8 de outubro de 2013
"a condição de português assemelha-se... " 8 de outubro de 1965
Um postal de Cardiff do querido Alexandre Pinheiro Torres que realizou finalmente o seu sonho de se libertar deste colete-de-forças que lhe deram por pátria.
O pior é que, a estas horas, já deve estar a vomitar fel e saudades...
A condição de português assemelha-se muito à do escaravelho, agarrado à bola da própria merda espiritual. ( O espírito também excrementa.)
de José Gomes Ferreira, em Passos Efémeros, Dias Comuns - 1
Fotografia tirada no Paredão do Estoril em Junho, ARTEMAR
O pior é que, a estas horas, já deve estar a vomitar fel e saudades...
A condição de português assemelha-se muito à do escaravelho, agarrado à bola da própria merda espiritual. ( O espírito também excrementa.)
de José Gomes Ferreira, em Passos Efémeros, Dias Comuns - 1
Fotografia tirada no Paredão do Estoril em Junho, ARTEMAR
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
Aconteceu... Olhares
Fotografia surripiada ao Grupo Amigos de Lisboa, no FB.
Foi tirada ontem, no bairro Alto, na procissão de S. Roque, cujas relíquias vão sob o pálio.
Foi tirada ontem, no bairro Alto, na procissão de S. Roque, cujas relíquias vão sob o pálio.
domingo, 6 de outubro de 2013
"o tempo é o mestre apaixonado da decomposição"...
Ruínas do Carmo, Lisboa, ontem, dia 5 de Outubro e o Coro Juvenil de Lisboa sob a direção do maestro
Nuno Margarido.
sábado, 5 de outubro de 2013
"to be or not be", feriado," that is the question..."
Este artigo retoma o pressuposto segundo o qual o republicanismo português
quis ser a tradução política de uma revolução cultural de raiz neo-iluminista.
No entanto, aqui, esta característica foi dada como adquirida e partiu-se dela
para se descrever a sua objectivação constitucional. Para isso, procurou-se
sublinhar o modo como se seleccionou o passado que pudesse ser usado
como precursor e, em simultâneo, sublinhar as novidades que a demarcavam
do regime monárquico; o que exigiu tanto a análise comparativa com outras
Constituições republicanas (e, em particular, com a francesa de 1875), como
a chamada a terreiro de um outro condicionante, nem sempre devidamente
sopesado quando se explica o cariz parlamentarista da Constituição de 1911:
o fantasma dos excessos do poder moderador e do recurso frequente às
“ditaduras administrativas” praticado sob a vigência da Carta Constitucional
Resumo
quis ser a tradução política de uma revolução cultural de raiz neo-iluminista.
No entanto, aqui, esta característica foi dada como adquirida e partiu-se dela
para se descrever a sua objectivação constitucional. Para isso, procurou-se
sublinhar o modo como se seleccionou o passado que pudesse ser usado
como precursor e, em simultâneo, sublinhar as novidades que a demarcavam
do regime monárquico; o que exigiu tanto a análise comparativa com outras
Constituições republicanas (e, em particular, com a francesa de 1875), como
a chamada a terreiro de um outro condicionante, nem sempre devidamente
sopesado quando se explica o cariz parlamentarista da Constituição de 1911:
o fantasma dos excessos do poder moderador e do recurso frequente às
“ditaduras administrativas” praticado sob a vigência da Carta Constitucional
Resumo
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Outono proverbial... Bom fim de semana
Ø Com a vinha em Outubro, come a cabra, engorda o boi e ganha o dono.
Ø Em Outubro centeio ruivo.
Ø Em Outubro não fies só lã; recolhe teu milho e feijão, senão de Inverno tens a tua barriga em vão.
Ø Em Outubro o fogo ao rubro.
Ø Em Outubro o lume já é amigo.
Ø Em Outubro ou secam as fontes, ou passam os rios por cima das pontes.
Ø Em Outubro, S. Simão, favas no chão.
Ø Em Outubro, S. Simão; semear, sim; navegar, não.
Ø Em Outubro sê prudente; guarda pão, guarda semente.
Ø Em Outubro semeia e cria, terás alegria.
Ø Outubro chuvoso torna o lavrador venturoso.
Ø Outubro erveiro, guarda para Março o palheiro.
Ø Outubro nublado, Janeiro molhado.
Ø Outubro pega tudo.
Ø Outubro quente traz o Diabo no ventre.
Ø Outubro secão, negaças de verão.
Ø Outubro sisudo, recolhe tudo.
Ø Outubro vaca para o palheiro e porco para o outeiro.
Pintura de Giuseppe Arcimboldo
"Outono", 1573
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
terça-feira, 1 de outubro de 2013
"AMOR ESCREVE-SE COM ÁGUA" ... Vai um gin tónico?
Querida
Acabo de receber a carta que me enviaste pelo cabo submarino. Vinha um pouco húmida, mas dada a enorme distância líquida que nos separa, é perfeitamente compreensível.
Senti-me contente por te saber bem, assim como os pequenos, nessa calma profunda e silenciosa de que tanta saudade tenho.
... ... ...
Creio que esta parte do continente em breve começará a oscilar, a desaparecer nas águas, o que marcará o verdadeiro início do Grande Salto para o Fundo.
... ... ...
Segundo informações concretas que aqui obtive, fiquei a saber que as Brigadas de Choque dos tubarões-martelo estão já a concentrar-se nas zonas previstas. Isto, por enquanto, é segredo rigoroso como calculas, claro.
... ... ...
Apenas temos de lamentar certos golfinhos que se tornaram colaboracionistas, o que nos obrigou a expulsá-los. Felizmente são apenas casos esporádicos, talvez até recuperáveis.
Como vês, estamos realmente trabalhando para um futuro em que os povos de todos os mares possam vir a ter uma vida livre e digna.
... ... ...
Águas transparentes para ti, meu amor
do teu
Estêvão
De Mário-Henrique Leiria, em Novos Contos do Gin , excertos
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