quarta-feira, 2 de julho de 2014

Carta, com atraso, ao Chico Buarque... Nós por cá pouco bem...



Entro aqui quase sambando
Oiço “quem te viu e que te vê”.  Continuo em festa pá… , e de que maneira...
Rosângela Rennó, Morena de Angola
Sabias querido Chico, que continuo a parabenizar-te e com alegria e partilha do Livro que um dia deste à septuagenária senhora minha Mãe, tua vizinha do 8º , lá no prédio mais alto do Alto Leblon, onde depois da partida do meu pai passava temporadas?
Hoje está com 86 anos e tu com 70. Sempre são 16 anos de diferença.
Sei que vocês os dois saíam à mesma hora para a passeata no calçadão. Cruzaram-se, olharam-se e tu na tua timidez meteste conversa com a “portuguesa com certeza” como tu lhe chamaste. Ela não era garota de Ipanema, mas era e é muito bonita.
Um dia atrapalhaste-me a Mãe. Telefonou-me aflita e meio envergonhada,  à socapa da tia Lúcia,  a verdadeira vizinha, com carácter de permanência  até ao seu último dia de vida.
O Cio da Terra, de Ricardo Leite 
Quando me começou a contar o presente que de ti tinha recebido, antes de chegar ao fim , fiquei com medo que a tivesses paqueirado… e eu a ficar roída de pena (?) pois pensava e com razão,  que eu estava mais adequada para ti…
Tinha então recebido da tua parte um presente de fim de ano. O Famoso 1999/2000.
Um belíssimo catálogo editado com as tuas canções a que artistas deram a sua cor e imagem segundo as suas interpretações.
O que me pedia a minha Mãe?  Ela proverbial e bem falante e toda dada ao discurso directo e indirecto .  Ficou retraída e incumbiu-me de ser eu a fazer o cartão de agradecimento pois achava que não tinha gabarito para o POETA.
Acedi e com que prazer e com que rodeios como se tivesse sido eu a feliz contemplada …
Sei que  passou a minha sedutora prosa para uma papel que suponho perfumado.
Ganhei como prémio o catálogo e jurei que nunca este livro sairia cá de casa.
Eis, senão quando este fim de primavera, numa tertúlia que frequento te  foi dedicada uma sessão. Levei o teu presente comigo e dei a conhecer.
Um António já idóneo e promotor da sessão , que por acaso mora perto de mim, mostrou vontade em ver com mais atenção. Boazinha como não sabes que sou, emprestei o por dias… que levaram a mais de mês e meio…
Não te conto as minhas ânsias e agonias por tal ausência e que deu azo às especulações
possíveis com um material daquele gabarito com dedicatória e tudo.
Hoje está comigo depois de ter metido terceiros ao barulho. Por isso só hoje te parabenizo como sempre sonhei.
Anos mais tarde foi a minha vez de te encontrar, estavas ali mesmo à mão, por baixo de ti… ( J). Eu no 8º e tu no teu recuado e 9º.   
De Marcello Serpa, Retrato em Branco e Preto
Não tantas vezes como a minha mãe e sem foros de grande cumplicidade encontramo-nos e desta vez fui eu que levei o teu livro LEITE DERRAMADO, edição portuguesa, e que “com certeza” gostaste de autografar.
Hoje, sei que estás noutro bairro que também é teu de eleição, só a tua” novel “ namorada por lá continua. A ti Lúcia morreu, eu penso continuar a ir para o Leblon, mas um pouquinho mais abaixo, não tanto como sonho e desejo, pois por lá estão os de sangue do meu sangue, que isto de emigrar , é tão velho como o Cabral ter chegado a terras de Vera Cruz… E , isto,  porque por cá, pá, não está tão bom como no tempo do cheirinho a alecrim. Manda tu daí um raminho…

SAUDADES.

4 comentários:

Majo disse...

~
~ ~ Muito interessante, Anamar. ~ ~

~ ~ ~ Tudo de bom. ~ ~ ~

Beatriz disse...

Ah, o eterno Chico Buarque....e sua turma nos envolver em suas doces músicas!

Um beijinho Anamar

Bia

António Abreu disse...

Bem esgalhado, Ana!

António Abreu disse...

Bem esgalhado, Ana!