quarta-feira, 18 de março de 2015

a poesia anda á solta... por aqui e não só...






A poesia vai
 
A poesia vai acabar, os poetas
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
Um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
poeta por este senhor?» E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
- Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar? -
 
Manuel António Pina

6 comentários:

Eliete disse...

Querida Anamar que maravilha!

Majo disse...

~
Um poema i n t e r e s s a n t í s s i m o!

~ ~ Belos - o 'graffiti' e a tua foto...

~ ~ ~ Abraço amigo. ~ ~ ~
~~~~~~~~~~~~~

Mar Arável disse...

Que despontem os cravos

Bj

Graça Pires disse...

Belo poema do Manuel António Pina.
É preciso gritar que a poesia não morreu?
Um beijo.

anamar disse...

Majo,

viva...

Não é "graffiti", mas a água do mar em maré viva a espelhar um edifício na praia do Estoril.

Beijinho,

Ana

Majo disse...

~
~ Ana amiga.

~ Eu achava, de facto, uma pintura mural um tanto estranha,
mas não percebi o magnífico espelho de água.

~ ~ ~ Beijinho. ~ ~
~~~~~~~~~~~~